Pátio do Galeão: mais voos e passageiros — Foto: Divulgação/RIOgaleão RESUMOSem tempo? Ferramenta de IA resume para você
Pátio do Galeão: mais voos e passageiros — Foto: Divulgação/RIOgaleão
GERADO EM: 07/07/2024 - 04:30
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Após a adoção de medidas estratégicas,como as restrições impostas ao movimento no Santos Dumont a partir de outubro do ano passado,o Aeroporto Internacional Tom Jobim,já dá sinais de recuperação. Este ano o número de passageiros deve chegar a 14,2 milhões,uma alta de 80%,e está sendo esperado um recorde histórico do fluxo de viajantes internacionais — 4,6 milhões. Doze novos destinos nacionais se somaram aos 14 existentes,e empresas aéreas já acertaram uma nova rota para Dallas,nos Estados Unidos,assim como mais viagens para Miami,Nova York e Buenos Aires. O plano de voo da concessionária RIOgaleão para 2025 é bater 16 milhões de usuários — mais 12,6%. Embora representativa,a soma fica abaixo dos 17,4 milhões de 2017 e ainda longe de alcançar a capacidade do aeroporto de 35 milhões de viagens anuais.
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Para que o Galeão se aproxime do movimento projetado,usuários e especialistas defendem novos quartos de hotéis junto ao aeroporto,mais eventos no Rio capazes de atrair turistas e a implantação de hub doméstico (centro de distribuição de voos) e stopover (conexão que permite ao viajante passar alguns dias na cidade e depois retomar o voo para outro destino). Outro ponto é a segurança pública nas vias de acesso ao Tom Jobim.
— Essas coisas não melhoram num estalar de dedos. Vão melhorando gradativamente. Tem pouco tempo,por exemplo,o início da coordenação dos aeroportos (voos domésticos começaram a ser transferidos do Santos Dumont para o Galeão há nove meses). Mas já tivemos um significativo aumento (29%) das cargas (nacionais) chegando ao Tom Jobim — citou o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico,Chicão Bulhões,acrescentando que,a despeito da mudança,a quantidade de passageiros,somados os dois aeroportos,cresceu.
Os números do crescimento do Tom Jobim — Foto: Editoria de Arte
No Santos Dumont,pousos e decolagens foram de quase 11 mil,em setembro do ano passado,para 6,3 mil,em maio último. E a quantidade de passageiros caiu pela metade. Em igual período,os voos domésticos no Tom Jobim saltaram de 3,2 mil para 6,enquanto os passageiros nacionais mais que duplicaram. O que respingou positivamente no transporte para o exterior.
Alexandre Monteiro,presidente da concessionária RIOgaleão: anuncio mais passageiros,mais voos e mais investimentos — Foto: Hermes de Paula
— Voos domésticos alimentam voos internacionais. Para cada seis nacionais,temos um internacional — explica Alexandre Monteiro,presidente do RIOgaleão.
Voos no Galeão — Foto: Editoria de Arte
Moradora de Santa Teresa,a paraense Zelena Ferreira conta que a migração de aeroporto fez aumentar seu tempo no trânsito. O que não chega a ser transtorno para ela:
— Levo mais tempo para chegar no aeroporto,mas a comodidade é maior. O Santos Dumont era muito lotado. O que acho ruim no Galeão é ter que aguentar taxistas me abordando. Hoje (quarta-feira) vim buscar uma sobrinha que está chegando de Belém. Contratei um Uber para me trazer e nos esperar fora do aeroporto. Quando ela desembarcar,o motorista vem nos pegar.
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Migração do Santos Dumont para o Galeão — Foto: Editoria de Arte
Há quem comemore a retomada do Tom Jobim,como o jornalista Fernando Morais,que tem a aviação como hobby:
— Frequento o Galeão desde os anos 80,para viajar ou para ver o clima e os aviões. Acompanhei a triste decadência dos últimos tempos. Havia lojas fechadas,e o número de passageiros era pequeno. Este mês,fui para São Paulo a trabalho e constatei que o aeroporto dá sinais de recuperação.
A agente de viagens Cyntia de Oliveira,porém,reclama da falta de um hotel com bom preço ou de uma poltrona confortável paga,para que passageiros em trânsito possam descansar entre um voo e outro:
— Vim cedo de Vitória,porque o voo era R$ 1.600 mais barato,e vou ficar até tarde da noite para embarcar para a Suíça de férias. Guarulhos tem vários hotéis próximos com day use,a preços acessíveis. Aqui,cobram mais de R$ 400.
Já o Visit Rio Convention Bureau relaciona a recuperação do Galeão a eventos na cidade. A estimativa da entidade é que a agenda cresça este ano 25% — com Rock in Rio,a cúpula do G-20 e encontros internacionais de aviação,restaurantes e aduanas,entre outros — em comparação a 2024.
— Para melhorar a experiência do visitante,e para que ele tenha vontade de voltar,segurança e transporte são temas cruciais,com impacto direto sobre o setor — diz o presidente do Visit Rio,Carlos Werneck,que também defende uma maior conectividade dos passageiros que desembarcam no Rio com outros destinos nacionais e internacionais.
A segurança nos acessos ao Galeão ainda preocupa. Mas uma faixa exclusiva na Linha Vermelha e uma linha expressa de ônibus entre o aeroporto e o Terminal Gentileza facilitaram a chegada ao Aeroporto Internacional,na Ilha do Governador.
— Não há turismo sem transporte — observa o presidente do Conselho da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Rio (ABIH-RJ),Alfredo Lopes.
O diretor da FGV Transportes,Marcus Quintella,por sua vez,vai na mesma linha e afirma que não é o aeroporto que atrai passageiros:
— São os negócios,o turismo e a segurança pública.
Consultor da Fecomércio RJ,Otávio Leite lembra pesquisa feita pela federação antes da migração dos voos do Santos Dumont que mostrava que 76% dos passageiros aceitavam pegar o avião no Tom Jobim. Ele ressalta,que para o Galeão chegar ao que foi projetado é preciso esforço público e privado para atrair visitantes para lazer,trabalho e congressos.
— Apostar na construção de stopover,nacional e internacional,é uma boa medida. Articular com grandes companhias internacionais a implantação de novos voos,investindo em promoção e marketing,é outra — sugere.
A portuguesa TAP confirma que está em conversações com a prefeitura e o governo para criar no Rio um programa de stopover semelhante ao que tem na Europa. A ideia,diz Otávio Leite,é envolver hotéis e restaurantes,a fim de garantir melhores preços e atrair visitantes durante a baixa temporada.
No momento,apenas a Emirates faz stopover (dos seus voos para Buenos Aires) no Rio. Mas o presidente do RIOgaleão,Alexandre Monteiro,diz que tem conversado com outras empresas aéreas,inclusive brasileiras,sobre a possibilidade de novas “escalas estendidas”. Ele tem também tratado com as companhias sobre a ideia de criar um hub doméstico. Por enquanto,as nacionais preferem a discrição. A Latam diz que “sempre avalia as oportunidades”,a Gol,que não comenta o assunto “por se tratar de um tema estratégico”,e a Azul — que adotou um hub temporário no Tom Jobim,em maio,por conta do show da Madonna — que “segue atenta ao mercado”.
Outras mudanças — Foto: Editoria de Arte
Quanto à manutenção e a investimentos,Monteiro anuncia que,este ano,os gastos da concessionária devem ficar entre R$ 80 milhões e R$ 90 milhões. Para 2025,entre R$ 130 milhões e R$ 140 milhões. De desembolsos de parceiros,cita a intenção de iniciar em 2025 a construção de mais um hotel próximo ao aeroporto,com 200 quartos e a um custo de R$ 100 milhões.
Ainda para o futuro,há pedidos de aumento das salas vip,incluindo da Flybondi,uma das quatro companhias low-cost instaladas no aeroporto e que transportam 20% dos passageiros internacionais. E há possibilidade de a Turkish passar a operar no Tom Jobim em 2025.
Rotas e destinos — Foto: Editoria de Arte
Apesar de mais voos e passageiros,quem circula pelo internacional ainda se depara com o Terminal 1 fechado por tapumes. Entretanto,diz o presidente do Riogaleão,um terço das pontes de embarque nessa parte do aeroporto está funcionando,sendo que este mês,devido ao movimento,todas devem ser utilizadas.
— O Rio é o segundo mercado,a segunda economia e o cartão-postal do Brasil. Não existe infraestrutura aeroportuária disponível no país num local com as características do Rio. Estamos sempre conversando para trazer novas empresas e novos voos para cá— diz Monteiro.
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