Carla Zambelli chamou Benedita da Silva de \'Chica da Silva\' durante evento em Maceió — Foto: Brenno Carvalho/ Leo Martins
Carla Zambelli chamou Benedita da Silva de 'Chica da Silva' durante evento em Maceió — Foto: Brenno Carvalho/ Leo Martins
A cúpula da Procuradoria-Geral da República (PGR) avalia que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi “infeliz”,mas não cometeu o crime de racismo ao trocar nomes e chamar a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) de “Chica da Silva”.
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A PGR ainda não se manifestou oficialmente no caso,mas terá que fazê-lo em uma representação que o líder do PT na Câmara,Odair Cunha (PT-MG) apresentou contra a parlamentar bolsonarista na última quarta-feira (3).
Na terça-feira (2),Zambelli chamou Benedita de “Chica” enquanto reclamava de não ter espaço de fala na Reunião de Mulheres Parlamentares do P20,que ocorreu em Maceió (AL). O evento reuniu parlamentares de países-membros do G20 para discutir temas como combate às desigualdades e representatividade feminina.
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– “Eu não vou ter poder de fala,né? Eu não vou falar porque provavelmente... não sei por que que não vou falar. Parece que já foi montada pela Secretaria da Mulher,que é a Chica da Silva”,disse Zambelli.
Benedita da Silva é a atual coordenadora da Secretaria da Mulher na Câmara dos Deputados. Durante a reunião em Maceió,Zambelli também trocou o nome da colega em outra oportunidade,chamando “Benedita” de “Chica”,em entrevista à TV Câmara.
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Odair alega que Zambelli “demonstrou ter dificuldades de conviver com a pluralidade democrática” ao chamar – duas vezes num mesmo dia – Benedita de “Chica da Silva”,filha de uma mulher negra escravizada e de um português,nascida no século XVIII na região de mineração de diamantes do arraial do Tejuco,atual cidade mineira de Diamantina.
“Claramente se vislumbra que a comparação com a personagem é usada pela deputada agressora no contexto de sua fala de forma pejorativa,para desqualificar sua identidade racial e,especialmente,sua história política de luta pelos direitos das mulheres”,sustenta Odair.
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Segundo interlocutores do procurador-geral da República,Paulo Gonet,para configurar o crime de racismo seria preciso comprovar que Zambelli agiu com a intenção de ofender a deputada petista nas duas ocasiões.
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Deputada federal em seu segundo mandato,Carla Zambelli era próxima ao ex-presidente Jair Bolsonaro — Foto: Reprodução
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A deputada Carla Zambelli postou foto de encontro com o hacker Walter Delgatti — Foto: Reprodução/Twitter
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Em agosto de 2023,a PF fez uma operação de busca e apreensão no apartamento funcional da deputada federal — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
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Na véspera do segundo turno de 2022,Zambelli apontou uma arma para um homem negro,apoiador de Lula,em bairro nobre de São Paulo — Foto: Reprodução
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Carla Zambelli no plenário da Câmara — Foto: Michel Jesus/Agência Câmara
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Carla Zambelli já foi condenada a indenizar deputados do Psol — Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
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Carla Zambelli integra o movimento de parlamentares pró-armas— Foto: Divulgação
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Zambelli foi a terceira parlamentar mais votada na eleição de 2022 - Foto Edilson Dantas / Agência O Globo
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A deputada já foi muito próxima ao ex-presidente Jair Bolsonaro - Foto: Isac Nóbrega/PR
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Mas a própria parlamentar bolsonarista,por meio de nota,alegou que confundiu os nomes e que se desculpou com a colega ainda durante o evento em Alagoas.
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“Zambelli lamenta o referido lapso,mas torna público que não houve qualquer intenção de ofensa à sua colega de Parlamento. Mais uma vez,Carla Zambelli pede desculpas à deputada Benedita da Silva”,diz o comunicado.
Benedita,no entanto,afirmou ao GLOBO que a fala teve,sim,cunho racista e que Zambelli “terá a correção necessária”.
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Outro argumento que circula nos bastidores da PGR é a relevância histórica da figura de Chica da Silva,que se tornou uma das mulheres mais importantes da sociedade colonial de Minas Gerais devido à sua ascensão social.
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Chica foi comprada e alforriada pelo contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira,com quem viveu 16 anos e teve 13 filhos. A personagem foi a primeira protagonista da atriz Taís Araújo,em uma novela veiculada em 1996 pela Rede Manchete.
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Seria,portanto,uma associação nada pejorativa,na avaliação de integrantes da PGR.
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