Militares ucranianos operam um veículo militar blindado em uma estrada perto da fronteira com a Rússia — Foto: Roman Pilipey/AFP
Militares ucranianos operam um veículo militar blindado em uma estrada perto da fronteira com a Rússia — Foto: Roman Pilipey/AFP
GERADO EM: 15/08/2024 - 04:00
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O Exército ucraniano avança na região russa de Kursk e pretende criar uma "zona tampão" e corredores humanitários,afirmou Kiev nesta quarta-feira,quando sua grande operação em território russo completou oito dias. Confrontada há dois anos e meio pela invasão de Moscou,Kiev surpreendeu seu inimigo em 6 de agosto com a maior incursão de um Exército estrangeiro no país desde o final da Segunda Guerra Mundial.
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"Estamos avançando na região de Kursk. De um a dois quilômetros em diferentes zonas desde o início do dia. Mais de 100 militares russos adicionais foram capturados no mesmo período",indicou no Telegram o presidente ucraniano,Volodimir Zelensky.
À noite,o presidente reiterou que suas tropas prosseguiam "bem" em seu avanço. "Estamos alcançando nosso objetivo estratégico",ressaltou.
A incursão obrigou à retirada de mais de 120 mil pessoas,causou a morte de 12 civis e mais de cem feridos,segundo autoridades russas.
O Exército russo indicou que suas forças terrestres,apoiadas pela aviação,drones e artilharia,"repeliram as tentativas dos grupos móveis inimigos a bordo de blindados de penetrar profundamente em território russo".
A zona tampão,ou zona de amortecimento,é uma área controlada por forças de paz da ONU (Organização das Nações Unidas) que divide dois Estados em guerra.
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Nesta quarta,a ministra da Reintegração dos Territórios Temporariamente Ocupados,Iryna Vereshchuk,e o ministro ucraniano do Interior,Igor Klymenko,em declarações separadas,anunciaram que a operação foi projetada para proteger as regiões fronteiriças ucranianas,como uma espécie de "zona de segurança" ou "zona tampão" no território russo.
A ex-república soviética,independente desde 1991,escolheu a estratégia para "proteger nossas comunidades fronteiriças dos bombardeios hostis diários",anunciou Klymenko. Iryna Vereshchuk anunciou que as tropas de seu país planejam "abrir corredores humanitários para a retirada de civis: tanto na direção da Rússia como da Ucrânia",e autorizar o acesso de organizações humanitárias internacionais. A ministra explicou que há civis nessa área e que eles estão "protegidos pelo direito humanitário".
— [Os militares ucranianos] conduziriam operações humanitárias para dar suporte aos civis dentro da zona mencionada — explicou a ministra,acrescentando que também seriam criados corredores para os civis se deslocarem. Até o momento,mais de 120 mil russos deixaram suas casas.
Zelensky mencionou na terça-feira combates "difíceis e intensos" na região de Kursk e afirmou que 74 localidades estavam sob controle de Kiev. Também disse que "centenas" de russos foram feitos prisioneiros.
O governador da vizinha Belgorod,Viacheslav Gladkov,decretou estado de emergência nesta quarta-feira pelos intensos bombardeios ucranianos.
O comandante ucraniano,Oleksander Sirski,reivindicou a tomada de 1.000 km² de território russo.
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Autoridades russas afirmaram na segunda-feira que perderam o controle de 28 localidades e que a incursão estende-se por 40 quilômetros de largura e 12 de profundidade no território russo.
Segundo cálculos realizados na terça-feira pela AFP a partir dados do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW),com base em fontes russas,as tropas ucranianas avançaram 800 km2 na região de Kursk.
A título de comparação,a Rússia ocupou 1.360 km2 de território ucraniano desde 1º de janeiro de 2024,segundo a mesma fonte.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores ucraniano,Georgy Tiji,garantiu na terça-feira que Kiev não deseja anexar nenhum território tomado em Kursk e que cessará se Moscou aceitar uma "paz justa".
Desde fevereiro de 2022,a ex-república soviética enfrenta uma ofensiva de Moscou,que ocupa até 20% de seu território,incluindo a península da Crimeia,anexada em 2014.
As negociações estão estagnadas pela dificuldade de conciliar as exigências.
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Zelensky afirma que tenta desenvolver um plano antes das eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos,seu principal aliado,para servir de base em uma cúpula de paz que inclua o Kremlin.
Seu homólogo russo,Vladimir Putin,estabeleceu como condição para as negociações que Kiev desista dos territórios ocupados por Moscou e renuncie à adesão à Otan,requisitos inaceitáveis para a Ucrânia e seus aliados ocidentais.
Na terça-feira,o presidente americano,Joe Biden,disse que a ofensiva ucraniana "cria um verdadeiro dilema para Putin".
Para a Ucrânia,a incursão levanta a moral de suas tropas,após meses na defensiva e cedendo terreno ao inimigo com mais armas e soldados.
Em Moscou,o sentimento é de angústia. "Estamos muito preocupados",disse Olga Raznoglazova,que vive a 30 km da usina nuclear de Kursk
"Pelo que sabemos,a ofensiva foi controlada e nossos soldados estão tomando as medidas necessárias e nos defendendo",afirmou.
Imagens capturadas pela AFP mostram o que seriam soldados do exército russo,capturados pelas forças ucranianas,sendo transportados amarrados e com os olhos vendados em uma caminhonete. O Exército ucraniano iniciou em 6 de agosto uma ofensiva surpresa em Kursk,uma região que faz fronteira com o país,tomando cerca de 74 localidades (ou quase 30,segundo Moscou) e provocando a fuga de dezenas de milhares de civis. Após Kursk ter declarado situação de emergência,Belgorod,outra região russa,fez declaração similar nesta quarta-feira,com informações de que Moscou está retirando soldados da Ucrânia para tentar conter a ofensiva dentro de seu território.
No vídeo,os prisioneiros vestiam uniformes militares russos e estavam sendo levados em um veículo militar para longe da passagem de fronteira,em direção à cidade de Sumy,uma cidade ucraniana na fronteira com Kursk. Vídeos que circularam ainda no início da invasão mostram o momento em que soldados russos são capturados.
Caminhão ucraniano é visto supostamente transportando soldados russos vendados
O presidente da Ucrânia,Volodymyr Zelensky,informou nesta quarta-feira que as tropas ucranianas capturaram "mais de 100 militares russos" durante a ofensiva na região fronteiriça de Kursk,que segue pelo oitavo dia. A captura,segundo o presidente,"aceleraria o retorno de nossos meninos e meninas para casa",indicando uma possível troca entre prisioneiros de guerra.
Zelensky também informou que as tropas seguiam "avançando",enquanto o Ministério da Defesa russo alega que suas tropas continuam a "repelir uma tentativa de invadir o território da Federação russa" e que teriam conseguido impedir novos avanços das tropas ucranianas.
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