Nota de um dólar dos EUA — Foto: Lucas Tavares / Agência O Globo RESUMOSem tempo? Ferramenta de IA resume para você
Nota de um dólar dos EUA — Foto: Lucas Tavares / Agência O Globo
GERADO EM: 15/10/2024 - 04:30
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Ainda é um movimento em câmera lenta,como costumam ser as mudanças dessa dimensão. Mas a busca por alternativas ao uso do dólar americano em transações internacionais deve ganhar novo fôlego na próxima reunião de cúpula do Brics,que será aberta na cidade russa de Kazan em uma semana.
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Como esperado,o movimento tem como maiores propulsores a Rússia e o Irã,países diretamente afetados pelo predomínio da moeda americana por estarem sob sanções do Ocidente. Mas também conta com apoio mais ou menos discreto de duas das maiores forças econômicas do bloco,China e Arábia Saudita. Para a China,que já converteu a maior parte de seu comércio bilateral com Rússia e Irã para as moedas nacionais,é uma meta declarada: desafiar a hegemonia dos EUA em todas as esferas.
A cúpula de Kazan será a primeira do Brics ampliado. O grupo de emergentes — formado por Brasil,Rússia,Índia,China e África do Sul — abriu as portas a novos membros: Egito,Emirados Árabes Unidos,Etiópia,Irã e Arábia Saudita. Esta,no entanto,continua sendo um sócio relutante. Segundo o Kremlin,o país será o único que não enviará seu governante à cúpula,devendo ser representado pelo chanceler.
A relutância da Arábia Saudita em ser parte integral do novo Brics é um desdobramento inesperado,levando-se em conta que o país foi fundamental para a expansão do grupo ao dobrar a resistência da Índia. Foi naquele ponto que o Brasil teve que engolir a decisão,após ser atropelado pelo movimento expansionista liderado pela China. Já a ambição de criar alternativas ao dólar tem o apoio efusivo do governo brasileiro,ainda que sem clareza de como isso seria posto em prática de modo coordenado pelo Brics.
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Na última cúpula do grupo,em 2023 na África do Sul,o presidente Lula reiterou que é preciso criar alternativas ao dólar para reduzir as “vulnerabilidades” aos sócios do Brics. Para a China,maior economia do grupo,a cautela continua dando o tom: apesar da “parceria sem limites” com a Rússia,bancos chineses têm evitado ao máximo transações com empresas russas. A vulnerabilidade que fala mais alto em Pequim ainda é a aversão ao risco de sanções do Ocidente.
Em encontro preparatório da cúpula de Kazan na semana passada,o ministro das Finanças da Rússia,Anton Siluanov,foi muito além de uma moeda do Brics,como defende Lula. Propôs um sistema financeiro alternativo inteiro que seja ditado pelos países do grupo. A tendência é que o comércio em moedas locais aumente,seja para reduzir custo ou risco. Mas a nova estrutura sugerida pela Rússia esbarra não só nas vulnerabilidades que ela pode criar,mas nas divisões entre os membros do Brics.
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O antagonismo mais pronunciado é entre Índia e China,que continuam sem se entender em sua disputa de fronteira. Os indianos deixaram claro que não estão dispostos a conceder facilmente ao poderio econômico do vizinho,rejeitando o uso da moeda chinesa nas transações bilaterais. Também há percalços ligados aos novos membros do Brics. Arábia Saudita e Irã,que voltaram a ter laços diplomáticos,enfrentam obstáculos consideráveis,diz o historiador Arash Azizi,autor de dois livros sobre o Irã.
— Grandes projetos como sistemas de pagamento alternativos provavelmente não irão a lugar nenhum,dados os vínculos estruturais dos sauditas com a ordem financeira liderada pelos EUA e o isolamento do Irã dessa ordem.
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