Lula segura bandeira da Palestina durante cerimônia de Abertura da 4ª Conferência Nacional de Cultura – Democracia e Direito à Cultura,em março — Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo
Lula segura bandeira da Palestina durante cerimônia de Abertura da 4ª Conferência Nacional de Cultura – Democracia e Direito à Cultura,em março — Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo
GERADO EM: 20/10/2024 - 04:30
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A defesa da causa palestina e a postura crítica em relação à estratégia bélica do primeiro-ministro israelense,Benjamin Netanyahu,no Oriente Médio,aproximam ainda mais o Brasil do mundo árabe e abrem perspectivas de mais comércio e investimentos com o Conselho de Cooperação do Golfo — formado por Bahrein,Kuwait,Omã,Catar,Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos — avaliam integrantes da área diplomática e da comunidade árabe no Brasil.
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Em setembro,o chanceler Mauro Vieira esteve em Omã,Arábia Saudita e Emirados Árabes,onde ouviu elogios,segundo ele,à “coragem” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,que demonstra apoio aos palestinos desde o início da crise humanitária em Gaza.
Segundo interlocutores,os árabes destacaram,ainda,que há complementariedade das economias e um ponto relevante: o Brasil atende às demandas da região em matéria de segurança alimentar. Também há oportunidades nos setores de logística,serviços financeiros,energias renováveis,mineração e aviação civil.
Após uma queda de 20% no fluxo comercial (soma de exportações com importações) em 2023 em relação ao ano anterior,o intercâmbio com o Golfo está em alta este ano. De janeiro a setembro,a corrente subiu 13,9%,totalizando US$ 13,5 bilhões (R$ 76,8 bilhões),de acordo com o Ministério do Desenvolvimento,Indústria,Comércio e Serviços (MDIC). O Brasil vendeu,principalmente,alimentos para a região e comprou petróleo e fertilizantes.
Dados da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira mostram,que as exportações brasileiras para a região bateram recorde nos nove primeiros meses do ano,atingindo US$ 18 bilhões (R$ 102,5 bilhões). A cifra é 26% maior do que a registrada no mesmo período de 2023. Por outro lado,a corrente de comércio entre Brasil e Israel caiu 7,2% de janeiro a setembro. Em 2023,houve uma queda de quase 50%.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante passagem por Riad,na Arábia Saudita — Foto: Saudi Press Agency/AFP
Ao GLOBO,Vieira afirmou que,ao lado do Sudeste Asiático,os países do Golfo estão entre as mais promissoras fronteiras para a expansão do comércio e para a geração de oportunidades.
— O diálogo político,liderado pelo presidente Lula e por sua atuação em matéria de diplomacia presidencial,já abriu caminho para essa nova fase das relações com o Golfo.
Para o embaixador da Palestina no Brasil,Ibrahim Alzeben,a posição de Lula tem permitido uma aproximação.
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— O discurso e a ação política do presidente têm um notório impacto popular,que se reflete nas esferas política e econômica,atingindo números sem precedentes de trocas comerciais e investimentos — disse. — A relação entre o Brasil e o mundo árabe é antiga. A comunidade árabe no Brasil é numerosa,integrada e presente em todas as esferas.
George El Jallad,encarregado de negócios da Embaixada do Líbano no Brasil,afirmou que seu país se sente grato pelo apoio de e Lula à integridade de seu território,e pelo processo de repatriação de brasileiros. Segundo auxiliares do presidente,a promessa de R$ 10 bilhões de investimentos da Arábia Saudita,feita ao então presidente Jair Bolsonaro — e nunca materializada — agora está andando.
Os sauditas estudam,por exemplo,um projeto de “ponte marítima” que conectaria um porto no Brasil com um na Península Arábica para atender a todo o Golfo,como um hub logístico para produtos de exportação e importação brasileiros e árabes.
Um empresário que faz negócios com o mundo árabe,e pediu para não se identificar,ressaltou que os países do Golfo,marcados por regimes ditatoriais,são pragmáticos: o fator político contribui,mas a performance da economia brasileira e a segurança jurídica são fundamentais para investimentos. Daniel Zonshine,embaixador de Israel em Brasília,diz não ter conhecimento de que a posição de Lula tenha afetado o comércio.
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— Quando se trata de comércio bilateral,as empresas conduzem seus próprios interesses e escolhas. Neste sentido,para importação e exportação,a qualidade dos bens e produtos,as necessidades da empresa e a inteligência competitiva são os fatores mais relevantes — diz Zonshine.
A proximidade de Lula com o mundo árabe não é de hoje: começou a ser construída ainda em seu primeiro mandato. Em 2005,o presidente já havia promovido,em Brasília,uma cúpula de líderes de países da América do Sul e de nações árabes. A relação,no entanto,ficou estremecida durante o governo Bolsonaro,que prometeu transferir a Embaixada do Brasil de Tel Aviv para Jerusalém,causando apreensão entre os países árabes. Bolsonaro não conseguiu cumprir a promessa de campanha.
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