Cientistas dos Estados Unidos conseguem diagnosticar Alzheimer usando inteligência artificial — Foto: Freepik
Cientistas dos Estados Unidos conseguem diagnosticar Alzheimer usando inteligência artificial — Foto: Freepik
GERADO EM: 09/12/2024 - 21:30
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Na semana passada,Sam Altman se sentou no palco da conferência DealBook,do jornal New York Times. O CEO da OpenAI encarou uma entrevista de pouco mais de meia hora com o jornalista Andrew Ross Sorkin,em que o destaque veio ali pelo meio.
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— A AGI está bastante próxima. Vem,talvez,já no ano que vem — afirmou Altman.
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A sigla em inglês quer dizer inteligência artificial geral. Mais frequentemente,é descrita de forma mais simples: aquele momento em que inteligências artificiais igualam ou superam a humana.
Uma pausa dramática se faz necessária. Altman sugeriu que IAs podem superar a inteligência humana brevemente. Talvez no ano que vem.
Só que,simultaneamente,fez algo ainda mais estranho. Tratou o evento como algo pouco extraordinário.
— Acontecerá antes do que imaginam — afirmou Altman —,mas importará pouco. Muitos dos riscos sobre os quais alertamos com a IA não ocorrerão no momento da AGI. A economia se moverá mais rápido,as coisas se desenvolverão com mais velocidade,mas a partir daí há um longo avanço partindo da AGI até o que chamamos de superinteligência.
A declaração é estranha e precisa ser decodificada. Há um ano,o próprio Altman fez um tour mundial,com parada no Rio de Janeiro,alertando aos governos que procedessem à regulação rápido perante os riscos de a inteligência artificial ultrapassar as capacidades humanas. Agora,mudou o discurso de forma bastante radical e cria um vácuo,uma distância,entre duas categorias novas. De um lado,AGI; do outro,lá na frente,algo chamado superinteligência.
A explicação possivelmente começa no contrato que sua empresa,a OpenAI,tem com a Microsoft. A sacada foi do Financial Times. Tendo investido US$ 13 bilhões no desenvolvimento do GPT,a companhia fundada por Bill Gates tem acesso total às tecnologias desenvolvidas pela OpenAI,mas há uma cláusula de ruptura. Esse acesso se encerra quando a AGI for alcançada.
Evidentemente,os advogados não soltaram a expressão sem defini-la bem. Então,não basta Altman reinterpretar o que quer dizer inteligência artificial geral numa entrevista. O que vale é o que está no contrato:
— São sistemas autônomos com performance superior à humana na maioria do trabalho com valor econômico.
Tome o trabalho de um executivo. O serviço de um advogado. A função de um jornalista. A capacidade de diagnóstico de um médico. Quebre essas profissões em uma série de ações. O momento em que uma IA for capaz de desempenhá-las de forma autônoma,melhor que um profissional médio,essa definição de AGI se aplicará.
É isso que Altman quer dizer com “a economia se moverá mais rápido”,com “as coisas se desenvolverão com mais velocidade”. Boa parte do trabalho intelectual mais braçal seria substituído. Autonomia é uma característica importante nessa equação. Os sistemas devem sair trabalhando sem que alguém dê o comando. Eles são agentes. Têm agência. Percebem quando há trabalho para realizar — e o realizam. Mas isso que ele descreve não é a substituição definitiva de executivos,advogados,jornalistas ou médicos.
O que sobra é o ato de criação e a capacidade de empatia. A possibilidade de ser original,de resolver problemas novos e também de entender quando é o momento de sorrir. IAs poderão detectar tumores em exames de imagem bastante antes de um médico. Mas não serão tão cedo as entidades mais adequadas para dar a notícia. Ou conviver com pacientes. Um contrato pode,sim,ser redigido por uma IA,assim como o preenchimento de uma planilha ou a redação de uma lista de perguntas. Mas a pergunta que traz a resposta que surpreende,o argumento que convence o juiz num caso muito difícil,tudo aquilo que não está nos dados,que nunca foi feito,isso ainda será exclusivo de seres humanos.
Altman tem se mostrado um executivo interessante. Cada vez menos é claro e,cada vez mais,é críptico. Fala de um jeito que parece dizer muito,mas exige esforço de interpretação. Sua entrevista com o Times parece ser o lance de abertura numa renegociação de contrato com a Microsoft. Quer mais dinheiro. E a OpenAI precisa de mais dinheiro. Tem mais concorrentes no mercado,e o que faz custa bilhões. Ainda assim,precisará entregar algo que pareça realmente novo e que possa chamar de forma convincente de inteligência artificial geral.
O ano de 2025 será interessante.
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