Dólar disparou com declarações de Lula — Foto: Pixabay RESUMOSem tempo? Ferramenta de IA resume para você
Dólar disparou com declarações de Lula — Foto: Pixabay
GERADO EM: 27/06/2024 - 04:00
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O dólar comercial manteve ontem a trajetória de valorização que vem demonstrando nos últimos dias: encerrou a R$ 5,5188,com alta de 1,2%. É o maior patamar desde 18 de janeiro de 2022,quando a moeda fechou em R$ 5,55.
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Depois de ter fechado na terça-feira a R$ 5,45,o dólar bateu os R$ 5,50 logo cedo,em menos de 30 minutos de negociação,em meio à valorização da moeda no exterior e a declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele disse que o governo realiza um pente-fino nos gastos da União,mas que é necessário saber se o “problema” é “cortar ou aumentar a arrecadação”.
— O problema não é que tem que cortar,o problema é saber se precisa efetivamente cortar,ou se a gente precisa aumentar a arrecadação. Temos que fazer essa discussão — disse Lula em entrevista ao portal de notícias UOL.
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Ele descartou a desvinculação do Benefício de Prestação Continuada (BPC),concedido a idosos e deficientes de baixa renda,do salário mínimo e renovou as críticas ao Banco Central (BC). As falas azedaram ainda mais o humor do mercado,preocupado também com o setor externo.
— Gasto está sendo bem feito? Acho que está. Nós estamos fazendo uma análise de onde tem gasto exagerado,que não deveria ter,onde tem pessoas que não deveriam receber e estão recebendo. E com muita tranquilidade,sem levar em conta o nervosismo do mercado,levando em conta a necessidade de você manter política de investimento — disse o presidente.
Lula disse ser contrário à desvinculação do BPC por não considerar o benefício como gasto e afirmou que a vinculação ao salário mínimo é uma forma de manter o pagamento de um valor necessário para uma pessoa sobreviver. Atualmente,o BPC garante um salário mínimo a idosos de baixa renda acima de 65 anos ou a pessoas com deficiência. Em ambos os casos,é preciso ter renda familiar per capita de até um quarto de salário mínimo (R$ 353).
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— Não é (possível desvincular),porque não considero gasto. Salário mínimo é o mínimo que uma pessoa precisa para sobreviver. Se acho que vou resolver o problema da economia brasileira apertando o mínimo do mínimo,estou desgraçado. Não vou para o céu,ficaria no purgatório — disse Lula.
Ele também negou a intenção de alterar a regra de reajuste do mínimo,que considera a inflação e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Lula disse que o objetivo de repor a inflação é manter o poder aquisitivo.
Trajetória do dólar — Foto: Criação O Globo
Essas declarações reforçaram a avaliação de analistas de que o governo quer fazer o ajuste das contas públicas pelo aumento de arrecadação,não pelo corte de despesas.
— Sem uma revisão crítica das despesas,programas e projetos ineficazes podem continuar a receber recursos,enquanto áreas prioritárias,como investimentos em infraestrutura,educação e saúde,podem ficar subfinanciadas — disse Diego Costa,gerente de Câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio.
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A equipe econômica,no entanto,minimizou as declarações do presidente Lula. Integrantes do Ministério da Fazenda e do Planejamento afirmam que a fase atual é de estudar o Orçamento e as medidas que podem ser adotadas.
Ao mesmo tempo,diz um interlocutor,continuarão tentando convencer o presidente de que é fundamental adotar alguma medida estrutural,além do pente-fino nos benefícios,para limitar o crescimento das despesas e manter a sustentabilidade do arcabouço fiscal.
O Palácio do Planalto estima economizar entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões com um pente-fino em benefícios previdenciários e assistenciais. Como mostrou o GLOBO,o Ministério da Previdência economizou este ano cerca de R$ 2 bilhões com combate a fraudes no pagamento de auxílios e aumento de eficiência na concessão de benefícios temporários. A projeção é que encerrar o ano com uma economia entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões.
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Integrantes da equipe econômica,ressaltam que apenas o pente-fino não é suficiente para colocar a trajetória das despesas dentro do limite previsto pelo arcabouço fiscal ao longo dos próximos anos. Dentro do Orçamento,há alguns gastos que crescem continuamente acima da regra de atualização anual do limite do arcabouço,o que comprime outras despesas ao longo do tempo.
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Roberno Campos Neto,presidente do Banco Central — Foto: Raphael Ribeiro/BCB
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Gabriel Muricca Galípolo - Diretor de Política Monetária — Foto: Pedro França/Agência Senado
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Ailton Aquino dos Santos - Diretor de Fiscalização — Foto: Pedro França/Agência Senado
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Carolina Barros,diretora de Administração — Foto: Raphael Ribeiro/BCB
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Diogo Abry Guillen,diretor de Política Econômica — Foto: Raphael Ribeiro/BCB
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Maurício Moura,diretor de Relacionamento,Cidadania e Supervisão de Conduta — Foto: Raphael Ribeiro/BCB
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Renato Dias de Brito Gomes,diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução — Foto: Alessandro Dantas/PT no Senado
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Otávio Damasco,diretor de Regulação — Foto: Raphael Ribeiro/BCB
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Fernanda Guardado,diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos — Foto: Raphael Ribeiro/BCB
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Um exemplo são os mínimos constitucionais de investimento em Saúde e Educação e os benefícios previdenciários.
Fatores externos,porém,também contribuíram para a alta do dólar. Gustavo Okuyama,gerente de portfólio da Porto Asset Management,explica que o dólar já abriu em alta no Brasil devido ao mau humor no mercado externo,e as falas de Lula levaram a uma piora no desempenho da moeda:
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— Com outros eventos de risco nesta semana,como a inflação nos Estados Unidos (amanhã) e o debate presidencial (hoje),o mercado está se protegendo. As falas de Lula foram em linha com seus últimos discursos,mas não ajudam no humor do mercado e só reforçam as preocupações com o cenário fiscal.
Amanhã sai o índice de gastos pessoais do consumidor (PCE,pela sigla em inglês),que é observado com lupa pelo Federal Reserve (Fed,o BC americano) para avaliar a trajetória da inflação e decidir sobre os juros.
Com a valorização do câmbio,analistas já reveem suas projeções para o dólar.
— Várias casas de análise estão fazendo revisões — disse Luan Aral,operador financeiro e especialista em dólar da Genial Investimentos. — Esperávamos uma mudança da postura do governo em relação ao cenário fiscal,e não é o que está acontecendo. O cenário mudou completamente em relação ao começo do ano,a perspectiva piorou.
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A Genial projeta o câmbio ao final do ano em R$ 5,30.
Para Alexandre Maluf,economista da XP Investimentos,o patamar de R$ 5,50 é muito elevado e não reflete os fundamentos econômicos e as contas externas,“que seguem muito sólidas”. No momento,a gestora prevê o dólar a R$ 5 no fim do ano,mas Maluf diz estar revendo suas premissas.
O BC anunciou ontem à noite que começará hoje a rolagem dos contratos de swap cambial (equivalente à venda de dólares no mercado futuro) com vencimento em 2 de setembro,no montante de US$ 14,8 bilhões. Segundo um analista,por serem contratos já existentes,não deve haver reflexo na cotação da moeda.
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