CULTURA Jul 9, 2024 IDOPRESS

Orbán e Modi, Moscou e Pequim

Narendra Modi (E) e Viktor Orbán (D) — Foto: AFP RESUMOSem tempo? Ferramenta de IA resume para você

Narendra Modi (E) e Viktor Orbán (D) — Foto: AFP

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GERADO EM: 09/07/2024 - 04:30

Visitas de Orbán e Modi a Moscou e Pequim: desafios e oportunidades

Os líderes autoritários Viktor Orbán e Narendra Modi visitam simultaneamente Moscou e Pequim,buscando equilibrar relações com o Ocidente e o Oriente. Ambos são vistos como potenciais mediadores na crise da Ucrânia,mas enfrentam desconfiança devido a históricos autoritários e interesses nacionais em jogo.

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O premier da Hungria,Viktor Orbán,desembarcou ontem em Pequim para uma visita que é mais uma bofetada na fachada de coesão em política externa da União Europeia (UE). É a segunda viagem disruptiva de Orbán em apenas uma semana,desde que a Hungria assumiu a presidência rotativa da UE. Na sexta,ele havia se reunido em Moscou com o presidente russo,Vladimir Putin,em outra visita-surpresa.

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Enquanto Orbán chegava a Pequim,Moscou estendia o tapete vermelho no mesmo dia a outro líder controverso,o premier da Índia,Narendra Modi. O destino escolhido para a primeira viagem internacional de Modi após conquistar seu terceiro mandato consecutivo,quebrando a tradição de ir a um país vizinho,mostra a importância que o líder indiano dá à Rússia neste momento.

Apesar da distância e das diferenças geopolíticas,Orbán e Modi têm pontos em comum. Ambos mantêm uma aliança com o Ocidente sem romper os laços com o eixo adversário,formado por Rússia e China. E,apesar de ocuparem espaços democráticos,são governantes com pendor autoritário,o que facilita a aproximação com Moscou e Pequim.

Nos dois casos,é uma proximidade com acenos ambivalentes. Gera preocupação por fortalecer a parceria de governos antidemocráticos,mas também oferece uma fresta de diálogo para o Ocidente com seus rivais. É o que apresenta Orbán como justificativa para suas viagens a Moscou e Pequim,onde foi buscar formas de negociar um fim à guerra na Ucrânia. A China é a “potência fundamental” para criar condições à paz,disse em Pequim.

É uma oportunidade que não deveria ser desperdiçada,caso houvesse alguma chance de conduzir à solução do conflito. Mas elas esbarram numa desconfiança sobre as reais intenções de Orbán em Kiev e na cúpula da UE,que o desautorizou a falar em nome do bloco. As condições da Ucrânia e da Rússia para um cessar-fogo continuam a quilômetros de distância,e falta um mediador com mínimo de credibilidade para romper o impasse.

O Brasil,que aspirava ocupar essa posição,perdeu de vez o crédito com os ucranianos ao subscrever uma resolução da China que soa como reconhecimento da invasão russa. Assim como Orbán,a posição brasileira é de que Pequim tem papel central no processo de negociação,por sua relação íntima com o Kremlin. Justiça seja feita,antes de ir a Moscou e Pequim,o húngaro foi a Kiev. Mas ninguém lá esquece que ele é o melhor amigo europeu de Putin e se opôs seguidamente ao apoio militar da UE à Ucrânia.

Já o indiano Modi também se apresenta como potencial mediador,tendo a seu favor o elo histórico entre Índia e Rússia. Em dez anos no poder,o premier indiano se encontrou 16 vezes com Putin,mas nenhuma desde o início da guerra na Ucrânia,em fevereiro de 2022. Neste período,Moscou se aproximou mais e tornou-se dependente de Pequim,enquanto cresceram as tensões entre Índia e China. Essa é a maior preocupação de Modi. Nesse emaranhado de fatores,pode até ser que os astros se alinhem a favor de uma negociação eficaz para a guerra na Ucrânia. Mas acima de tudo estão os interesses nacionais e pessoais,certamente no caso de líderes como Modi e Orbán.

Se de fato a China é uma peça-chave para resolver o conflito,a Índia pouco terá a contribuir. Há indícios de que Modi dirá a Putin que não irá à cúpula do Brics em outubro,na Rússia. Tudo para evitar um encontro com o presidente chinês,é o que suspeitam observadores indianos.

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