Yamal e Messi,destaques de Espanha e Argentina — Foto: Miguel Medina/AFP e Buda Mendes/AFP RESUMOSem tempo? Ferramenta de IA resume para você
Yamal e Messi,destaques de Espanha e Argentina — Foto: Miguel Medina/AFP e Buda Mendes/AFP
GERADO EM: 16/07/2024 - 02:25
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O fim de semana de decisões nos torneios de seleções acrescentou o 45º troféu à carreira de Messi,a terceira conquista em sequência de uma geração que,há três anos,rompia um vazio de quase três décadas no futebol argentino. Horas antes,o melhor futebol coletivo dentre todos os 40 times que disputaram os torneios continentais consagrava a Espanha na Eurocopa. Impossível não pensar o que o Brasil pode aprender com os campeões.
A diferença não está na capacidade de produzir talentos. Messi à parte,afinal extraterrestres devem ser avaliados dentro do caráter excepcional que representam,é possível achar nos vencedores perfis de meio-campistas escassos no Brasil. Mas a reunião de talentos nos quatro finalistas está longe de representar algo inacessível. Não é a soma de capacidades individuais que separa o Brasil desta elite.
Fora de campo,a Argentina é um consolo: não tem uma liga nacional que dure toda a temporada,o calendário é confuso,sua federação tem a marca da desordem,a violência de torcidas é endêmica... No fim,o sucesso do time atual nos lembra como o desempenho de seleções formadas por jogadores radicados no exterior se dissocia cada vez mais das questões estruturais do jogo doméstico.
Mas o Brasil de hoje tem traços da Argentina pré-2021,ano em que a Copa América tirou um peso das costas de Messi e pavimentou um ambiente mais propício ao título mundial no Catar. Antes,a seleção se tornara um fardo até para o melhor jogador do mundo,posto sob permanente cobrança,inclusive em sua relação com o país. A seleção mudava treinadores,viveu um ambiente caótico na Copa de 2018,por exemplo,e o resultado era um antagonismo entre time e opinião pública: uma geração de jogadores em permanente estado de defesa diante da saraivada de críticas.
Não é exagero dizer que a instabilidade emocional de 2014,a pressão constante sobre Neymar nos Mundiais posteriores ou a catarse do gol e o posterior descontrole nos minutos finais contra a Croácia em 2022,todos estes são episódios naturais em Copas do Mundo,mas amplificados por um país que impõe o reencontro com uma taça. O Brasil teve três técnicos no último ano,viveu o auge do desgoverno e,na Copa América,viu entrevistas em tom desafiador de jogadores que,no fundo,reivindicavam no discurso a capacidade do jogador brasileiro de atuar na elite. Cada nova geração carrega o peso dos 22 anos sem um Mundial,algo que nem é inédito na história brasileira.
A solução argentina foi um tanto casual. Scaloni nunca foi o projeto,resultou em grande parte da incapacidade da AFA de atrair nomes de mais grife. Mas sua liderança tranquila criou o ambiente para que os talentos assentassem. Ao permanecer por um ciclo completo,gerou um processo,uma construção coletiva. E é exatamente isso que o Brasil não tem.
O que nos conduz à Espanha. Está claro que Lamine Yamal é destes jovens com ares de fenômeno,um jogador destinado à elite mundial do jogo. Ou que Rodri é o melhor volante do mundo há algumas temporadas. Mas se hoje é fácil exaltar a versatilidade de Fabián Ruiz,o dinamismo de Dani Olmo,ou a Copa América de alguns coadjuvantes da seleção,é igualmente útil voltar algumas semanas no tempo. A Espanha não chegou à Euro com ares de favorita destacada,e a avaliação sobre estes jogadores não era a que se tem hoje. Foi a construção de um jogo coletivo que permitiu aos talentos aflorarem e exibirem suas virtudes.
Se vencer o desafio da estabilidade e dos processos,o Brasil verá com mais clareza que tem talentos suficientes para se inserir na elite.
Vergonha
Enquanto o treinador do Canadá relatava casos de racismo contra seus jogadores,Marcelo Bielsa,do Uruguai,passava uma descompostura na Conmebol por causa do tamanho e qualidade dos campos e da falência na segurança que obrigou jogadores a se envolverem em brigas para defender familiares. O caos na final,que arriscou vidas,foi o desfecho de um torneio cheio de atrações em campo,mas desastroso na organização.
Lágrimas
Na Eurocopa foi Cristiano Ronaldo; na Copa América,Messi. As lágrimas dos dois maiores ícones do futebol no século tiveram motivos diferentes. O português sentia a dor do erro num pênalti; o argentino,a dor física no tornozelo. No fundo,ambos têm adversários em comum: o tempo e os limites do corpo. É uma lição brutal perceber,a esta altura da carreira,como estar em campo importa para ambos. Casos de amor às camisas e ao jogo.
Tendências
O futebol de seleções atual reflete as tendências das competições de clubes. Assim,esta foi a Eurocopa dos times posicionais,dos ataques com linhas de cinco ou seis homens e das marcações individuais ressurgindo. Um jogo cada vez mais padronizado no mundo,ainda que,os dois finalistas fossem mais fluidos: no lugar de jogadores ocupando zonas do campo com rigidez,era mais comum vê-los agrupados em torno da bola.
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