Rivaldo Barbosa (primeiro) frequentava consultório odontológico,em Rio das Pedras,área de milícia,e,segundo o delegado Giniton Lages (ao centro) disse em depoimento que seu chefe de investigaçã
Rivaldo Barbosa (primeiro) frequentava consultório odontológico,em Rio das Pedras,área de milícia,e,segundo o delegado Giniton Lages (ao centro) disse em depoimento que seu chefe de investigação,Marco Antônio Pinto Barros (último),era amigo de dentista — Foto: Reprodução
GERADO EM: 14/08/2024 - 04:30
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A frequência de integrantes da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) a um consultório odontológico,na Zona Oeste,berço das milícias,intrigou os investigadores da Polícia Federal. Além do ex-chefe de Polícia Civil,Rivaldo Barbosa,o local era frequentado também pelo chefe de investigação,Marco Antônio Barros Pinto,o Marquinhos,responsável pela elucidação dos homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
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A informação da ligação de Marquinhos com o mesmo dentista de Rivaldo e de paramilitares foi prestada pelo delegado Giniton Lages,e consta no complemento do relatório da Polícia Federal,tornado público na última sexta-feira (09/08). Segundo Giniton,seu chefe de investigação é amigo do dentista — cujo nome não será citado,uma vez que não é investigado —,que tem consultório em Rio das Pedras. O delegado informou em seu depoimento que os filhos de Marquinhos e do odontologista são amigos e jogam futebol. Para Giniton,seria "natural" que o seu chefe de investigação,devido à proximidade com o amigo,fizesse tratamento dentário com ele.
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No entanto,Giniton disse ao delegado da Polícia Federal,Guilhermo Catramby,responsável pelas investigações sobre os mandantes do duplo homicídio,que não sabia que o ex-chefe de Polícia Civil Rivaldo Barbosa era paciente do mesmo dentista. Ao se referir ao seu ex-chefe,Giniton disse que o tratamento com ele era profissional.
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Na lista de clientes do consultório,segundo as investigações,havia o ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega,chefe do Escritório do Crime,grupo de matadores de aluguel; o tenente reformado da PM Maurício Silva da Costa,o Maurição; e Marcus Vinícius Reis dos Santos,o Fininho. Todos milicianos. Adriano foi morto na cidade de Esplanada,na Bahia,em 9 de fevereiro de 2020,porque,segundo a polícia daquele estado,reagiu à prisão.
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Em seu depoimento na audiência de instrução e julgamento da ação criminal do Caso Marielle,em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF),nesta terça-feira,o delegado Guilhermo Catramby detalhou,por seis horas,como chegou aos mandantes do duplo homicídio. Sobre Rivaldo,ele afirmou não entender como ele conseguia entrar e sair de uma favela ocupada pela milícia,mesmo que seja para ir ao dentista:
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— O lugar (Rio das Pedras) era frequentado pelo delegado Rivaldo Barbosa,sendo certo que se tratava de um lugar hostil para qualquer autoridade policial — relatou Catramby. — Um dentista,cuja clientela,tinha o nome na capa da denúncia da Operação Intocáveis (primeira ação do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio contra as milícias,em 2019) — disse o delegado da PF.
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São réus na ação penal pelos assassinatos de Marielle e Anderson,além da tentativa de homicídio contra a assessora da parlamentar Fernanda Chaves: Rivaldo e os irmãos Domingos e Francisco Brazão — conselheiro e deputado federal. Os três são acusados de serem os mandantes. Também respondem no mesmo processo pelo crime: o major da Polícia Militar Ronald Paulo Alves Pereira,apontado como ex-chefe da milícia da Muzema,na Zona Oeste do Rio; e o soldado da PM Robson Calixto da Fonseca,o Peixe,ex-assessor de Domingos Brazão no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Da esquerda para a direita,Chiquinho Brazão,Rivaldo Barbosa e Domingos Brazão — Foto: Agência O Globo e AFP
Nesta quarta-feira,os depoimentos das testemunhas de acusação prosseguem na audiência de instrução e julgamento do Caso Marielle,no STF. O delegado Guilhermo Catramby irá responder às perguntas das defesas de Rivaldo e dos irmãos Brazão. Ainda são aguardadas para depor,pelo menos 70 pessoas.
O advogado de Marco Antônio Barros Pinto não foi encontrado.
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