Harry e Meghan há semanas aparecem separadamente,com agendas próprias em várias ações e eventos públicos,aos quais até recentemente compareciam de mãos dadas — Foto: Getty Images
Harry e Meghan há semanas aparecem separadamente,com agendas próprias em várias ações e eventos públicos,aos quais até recentemente compareciam de mãos dadas — Foto: Getty Images
GERADO EM: 23/10/2024 - 04:01
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Talvez acelerada pelas redes sociais – que hoje multiplicam a oferta erótica para qualquer pessoa –,pouco tempo após se casarem ou se comprometerem em um vínculo romântico,uma das partes começa a experimentar uma mistura de tédio e cansaço que,com o tempo,tende a acabar em rejeição. Esse fenômeno agora é descrito como o efeito "ick" (algo como “eca”),um termo popular no TikTok para descrever a repulsa repentina pela pessoa com quem estamos saindo.
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Algo semelhante poderia estar acontecendo com os Duques de Sussex,príncipe Harry e Meghan Markle,que há semanas aparecem separadamente,aos quais até recentemente compareciam de mãos dadas. Harry tem cumprido sozinho seu papel de ativista e líder global,viajando para a África e participando de atos em Nova York e Londres,enquanto Meghan apoia causas beneficentes,quase sem sair da Califórnia.
Os meios sensacionalistas não param com as especulações: segundo alguns,ela está se preparando para voltar contra os Windsor,enquanto outros dizem que ele sente falta de voltar para seu ambiente britânico,tão diferente do americano.
No entanto,o argumento mais provável para esse distanciamento eventual entre suas altezas seja a inevitável “coceira do sétimo ano”: após uma longa lua de mel – seis anos de casamento,mais dois de namoro – sustentada pela chama sexual e pelos planos familiares,Meghan e Harry estão buscando sua estratégia para sobreviver ao próximo passo,que é essa fase "ick" ou ponto de inflexão típico de relacionamentos longos.
Marilyn Monroe no filme 'O pecado mora ao lado' — Foto: Reprodução
O fenômeno foi batizado devido ao filme "The Seven Year Itch",de 1952 e estrelado por Marilyn Monroe. Em português,o título foi traduzido como "O Pecado Mora ao Lado",mas a tradução literal seria algo como "a coceira do sétimo ano". A crise do sétimo ano se refere ao momento em que os casais caem em insatisfação conjugal,um fenômeno que foi muito bem documentado em diversos estudos acadêmicos. Já foi demonstrado,pelo menos nos Estados Unidos (e em algumas partes da Europa e Austrália),que as taxas de divórcio são mais frequentes dentro desse período.
“Historicamente,esse é o momento em que os casais já passaram pela fase de namoro,coabitação e pelos primeiros anos de casamento. A ‘vida real’ já se estabeleceu. A dopamina e a oxitocina (hormônios do amor) que eram liberadas em abundância durante a paixão,agora se esgotaram. Como resultado,os sentimentos românticos tendem a desaparecer”,apontavam em um estudo os terapeutas Charles J. Orlando e Jessica Griffin.
Fatores como a falta de espaço pessoal,a monotonia e a comunicação deficiente desempenham um papel crucial nesse período de estagnação e desilusão que,do ponto de vista evolutivo,segundo a antropóloga Helen Fisher,ocorre ou atinge seu pico por volta dos quatro anos e não aos sete.
Seja como for,o efeito "ick" ou síndrome de repulsa súbita se manifesta de maneira inconsciente,quando de repente um gesto que antes emocionava se torna irritante. Por trás do fator que o desencadeia – prelúdio da rejeição física – podem haver discussões,esfriamento da relação por descuido,ansiedade por problemas familiares ou econômicos,uma mudança corporal de um dos dois,uma doença ou disfunções sexuais,entre os principais fatores.
Nesse contexto,evocando o argumento do famoso filme de Hollywood,surge a infidelidade,como afirma uma pesquisa publicada no Journal of Marriage and Family,com base em uma pesquisa realizada nos EUA sobre quando é mais provável que ocorra infidelidade dentro do casamento (no caso,heterossexual).
"O Pecado Mora ao Lado" contava a história de Richard Sherman,um publicitário nova-iorquino que passava um verão quente trabalhando na cidade enquanto sua esposa e filhos estavam de férias. Tudo parecia normal até que,um dia,a vizinha de cima – ninguém menos que Marilyn Monroe – aparece. Sexo,adultério e fantasias eróticas eram os temas principais dessa peça teatral,cujo título se tornou um clássico,que ficou ainda mais famoso pela cena em que a loira mais desejada do mundo fica em cima de uma grade de metrô e sua saia voa.
Considerando a enorme atenção da mídia que Harry e Meghan recebem sempre que se movem fora de sua órbita privada,é quase impossível pensar que qualquer um deles possa se aventurar em uma infidelidade sem ser visto,como qualquer pessoa comum. Fazer planos próprios,desenvolver seus interesses e crescer separadamente,mas juntos (tendo isso acordado anteriormente),pode ser uma estratégia para atravessar o inevitável tédio da vida em comum,e é um indício de que,embora as coisas estejam difíceis,pelo menos há vontade de continuar.
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