Iranianas levam retratos de Khamenei em protesto anti-Israel em Teerã — Foto: AFP Após os ataques israelenses de sábado,o Irã se encontra diante de um dilema: retaliar,arriscando uma escalada em
Iranianas levam retratos de Khamenei em protesto anti-Israel em Teerã — Foto: AFP
Após os ataques israelenses de sábado,o Irã se encontra diante de um dilema: retaliar,arriscando uma escalada em um momento de crise econômica e vulnerabilidade militar,ou permanecer inerte,arriscando parecer fraco perante seus aliados e as vozes mais agressivas do país.
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Desde o ataque liderado pelo Hamas em 7 de outubro de 2023,Israel tem retaliado não apenas em Gaza,mas também contra outros aliados iranianos,incluindo o Hezbollah,os houthis e facções na Síria e no Iraque.
Esses grupos compõem a “defesa avançada” do Irã contra Israel. Contudo,a resposta agressiva de Israel desde o dia 7 enfraqueceu esses aliados e,consequentemente,o próprio Irã.
Apesar do impacto dos ataques,as autoridades iranianas indicaram que desejam evitar uma guerra direta e preferem preservar essa rede de aliados,o que chamam de “cinturão de fogo” ao redor de Israel. Em resposta ao ataque,o Irã minimizou publicamente os danos,mantendo a programação regular na televisão e reafirmando,sem ameaças imediatas,o direito de se defender.
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O Irã enfrenta sérios problemas econômicos devido a sanções dos Estados Unidos e da Europa,que o aproximaram ainda mais de Rússia e China. Com inflação crescente e insatisfação interna com seu regime rígido,qualquer cálculo sobre retaliação precisa levar em conta a opinião pública e a viabilidade econômica de uma guerra prolongada.
A sucessão do líder supremo,aiatolá Ali Khamenei,de 85 anos e em estado de saúde precário,acrescenta mais complexidade. Após a morte do presidente linha-dura Ebrahim Raisi,em um acidente de helicóptero,Khamenei permitiu a eleição do moderado Masoud Pezeshkian,que busca retomar conversas sobre o programa nuclear iraniano em troca de alívio econômico — uma iniciativa que certamente exigiu a aprovação do líder supremo.
Apesar dos danos recentes a seus aliados e das fraquezas técnicas e militares frente a Israel,o Irã enfrenta pressões internas para avançar seu programa nuclear como dissuasão.
Mapa dos alvos atacados por Israel no Irã e na Síria — Foto: Arte/O GLOBO
Embora esteja a poucas semanas de obter urânio com qualidade para bombas,o governo é consciente de que sucessivos presidentes dos EUA,incluindo Donald Trump,que disputa as eleições contra a vice-presidente Kamala Harris,prometeram impedir o desenvolvimento de armas nucleares iranianas.
As tensões internas sobre a possível sucessão de Khamenei e a influência do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica,favorável a um confronto mais direto com Israel,tornam as próximas decisões ainda mais delicadas.
Tanto Israel quanto o Irã têm interesses em manter a "dissuasão" através de ataques limitados,o que,segundo o ex-diplomata americano Jeremy Shapiro,serve como uma maneira de mostrar poder entre as nações. No entanto,essa série de ataques pode facilmente se transformar em uma violência mais ampla se ocorrerem baixas civis em instalações como hospitais ou escolas,alertam analistas.
Analistas como Daniel C. Kurtzer e Aaron David Miller apontaram recentemente que uma escalada poderia fazer Israel ampliar seu foco para infraestrutura econômica,com possibilidade de atacar instalações petrolíferas na Arábia Saudita.
Apesar das pressões internas,o Irã pode optar por seguir conselhos dos EUA e do Reino Unido e buscar uma trégua. Sanam Vakil,diretora do programa para o Oriente Médio no Chatham House,sugere que o Irã deve “aceitar o golpe e adotar uma estratégia de longo prazo com foco em diplomacia” em vez de revidar.
Ao minimizar o impacto dos ataques e pressionar por um cessar-fogo,o Irã poderá,assim,“virar o jogo contra Israel,usando a fragilidade militar em uma possível abertura diplomática.”
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