Lula e o presidente francês,Emannuel Macron,na cúpula do G20,no Rio de Janeiro — Foto: LUDOVIC MARIN/AFP
Lula e o presidente francês,Emannuel Macron,na cúpula do G20,no Rio de Janeiro — Foto: LUDOVIC MARIN/AFP
GERADO EM: 18/11/2024 - 23:05
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O presidente da França,Emmanuel Macron,afirmou hoje,em intervalo das atividades do G20 no Brasil,que o seu país "não está isolado" em sua oposição ao estado atual do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul,segundo informou a agência de notícias AFP.
O presidente francês é apontado como o principal obstáculo para o avanço do acordo,já que sofre forte pressão de agricultores em seu país. Hoje,houve vários protestos da categoria na França contra o acordo e a possível concorrência com produtos agrícolas do Brasil e da Argentina,principalmente.
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O texto,"por ter sido negociado há muitas décadas,baseia-se em condições prévias que estão desatualizadas",disse o presidente francês a jornalistas no Rio. Ele afirmou ainda que também surgiu a ideia de "repensar a relação com esta sub-região,seja o Mercosul,ou talvez o Brasil,porque entendo que a Argentina talvez não tenha interesse em fazê-lo em um marco regional".
Macron afirmou que propôs a Lula empreender "novos trabalhos para tentar desenvolver um marco de investimentos conjunto,mas que proteja" a agricultura francesa e europeia.
— Realmente não queremos importar produtos agrícolas que não respeitem as regras que nós mesmos nos autoimpusemos — afirmou o francês,referindo-se a normas ambientais e sanitárias que os agricultores franceses cobram do Mercosul como forma de impedir a entrada em vigor do acordo.
A Comissão Europeia,com o apoio de vários países importantes do bloco,como Alemanha e Espanha,são favoráveis ao fechamento do acordo de livre comércio com o Mercosul antes do fim deste ano. As negociações se prolongam desde 1999.
Se a Comissão Europeia levar o tratado adiante sem o consenso francês,Paris precisaria do apoio de outros países para bloquear a aprovação. Precisaria formar a chamada "minoria de bloqueio" com ao menos quatro dos 27 países da UE em caso de os apoiadores da decisão não alcançarem 65% da população do bloco.
A Itália se juntou à oposição da França hoje. O ministro da Agricultura,Francesco Lollobrigida,criticou o acordo,afirmando que "em sua forma atual,não é aceitável". O que levou Macron a declarar hoje:
— Contrariamente ao que muitos pensam,a França não está isolada,e muitos países nos apoiam.
O ministro da Fazenda brasileiro,Fernando Haddad,pretendia abordar o tema com Macron durante as atividades de hoje no G20 e particularmente num jantar na noite de hoje,na Casa Firjan,em Botafogo,na Zona Sul do Rio.
Segundo a colunista do GLOBO Renata Agostini,o jantar foi organizado pelo governo francês e não havia previsão de uma pauta específica. Haddad,contudo,foi preparado para abordar o acordo Mercosul-União Europeia com o mandatário.
As últimas declarações do presidente francês preocuparam o governo brasileiro. Apesar das resistências da França serem conhecidas,a declaração enfática de Macron pareceu acrescentar camada adicional de dificuldade à ambição brasileira de finalizar o acordo ainda neste ano.
O ministro deixou o jantar e entrou no hotel em que está hospedado em Copacabana sem falar com a imprensa.
(Com AFP)
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