O presidente Zelensky (à direita) entrega uma condecoração a um soldado ucraniano em Kupyansk — Foto: AFP
O presidente Zelensky (à direita) entrega uma condecoração a um soldado ucraniano em Kupyansk — Foto: AFP
GERADO EM: 30/11/2024 - 23:47
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O presidente da Ucrânia,Volodymyr Zelensky,abriu a possibilidade de uma negociação de cessar-fogo no conflito com a Rússia se a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) reconhecer como membro da principal aliança militar ocidental as partes de seu país controladas por Kiev,a fim de “acabar com a fase quente da guerra”.
Em uma entrevista à rede britânica Sky News,Zelensky abriu a porta para desistir,pelo menos temporariamente,dos territórios ocupados pela Rússia em troca de algum tipo de trégua e garantias de segurança para o resto da Ucrânia. Ele,no entanto,disse que a Otan teria de estender a proposta de entrada da Ucrânia na organização a todas as partes do país nas fronteiras reconhecidas internacionalmente,mesmo que atualmente uma parcela significativa do território ucraniano esteja sob dominação russa. O restante,acrescentou,deveria ser recuperado depois por meio de negociação.
— Se quisermos acabar com a fase quente da guerra,devemos colocar o território da Ucrânia que controlamos sob a égide da Otan — disse ele à Sky News,de acordo com uma tradução inglesa das suas palavras em ucraniano. — Isto é o que devemos fazer rapidamente,e então a Ucrânia poderá recuperar a outra parte do seu território através dos canais diplomáticos.
Segundo Zelensky,este compromisso garantiria que a Rússia não atacasse novamente o seu território.
— Se falamos de um cessar-fogo,(precisamos) de garantias de que Putin não voltará — disse ele em inglês.
A Rússia controla 18% do território ucraniano reconhecido internacionalmente,incluindo a Península da Crimeia anexada em 2014,ainda antes de iniciar uma invasão mais ampla do país vizinho em 2022. Também anexou as regiões de Donetsk,Kherson,Luhansk e Zaporíjia,embora não as controle na sua totalidade. Na cúpula da Otan em julho em Washington,os 32 membros declararam a Ucrânia em uma rota "irreversível" de incorporação à aliança,mas não estabeleceram prazos.
Um dos obstáculos é que a Otan não aceita como membro nenhum país que tenha um litígio territorial com outro,dado o compromisso do Artigo 5º da carta da organização que obriga os países encararem um ataque a um como um ataque a todos. As fronteiras de cada membro têm de estar bem demarcadas e reconhecidas. A proposta de Zelensky pareceu ser direcionada a essa questão.
— Não se pode fazer um convite (para entrada na Otan) a apenas parte de um país. Por quê? Porque assim se reconheceria que a Ucrânia é somente aquele território e que o restante é Rússia — raciocinou.
Pela Constituição ucraniana,o governo do país não pode reconhecer a parte da Ucrânia ocupada pelos russos como Rússia.
— Então,legalmente,não temos o direito de reconhecer o território ocupado como território da Rússia — explicou.
As conversas sobre um eventual cessar-fogo ou acordo de paz na guerra intensificaram-se desde que Donald Trump venceu as eleições presidenciais dos EUA no início de novembro. O líder republicano,crítico da ajuda multimilionária de Washington a Kiev,disse durante a campanha que poderia pôr fim ao conflito em poucas horas,mesmo antes de tomar posse,mas não disse como. Nas últimas semanas,a Ucrânia também tem enfrentado um avanço russo ao longo de algumas partes do front,que se estende por cerca de mil quilômetros.
As conversas sobre um cessar-fogo na Ucrânia estarão no centro da reunião de chanceleres da Otan em Bruxelas nos dias 2 e 3 de dezembro. Até agora,Kiev descartou a possibilidade de ceder territórios em troca de paz. O presidente russo,Vladimir Putin,exige da sua parte a retirada dos ucranianos dos territórios que Moscou afirma ter anexado e opõe-se à entrada da ex-república soviética na Otan,uma de suas alegações para iniciar a guerra.
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