Chope,pastéis e croquetes da filial paulistana do boteco Rainha — Foto: Alexandra Forbes Meu caso de amor com botecos cariocas começou 30 anos atrás. Eu era uma jovem repórter na VIP (melhor rev
Chope,pastéis e croquetes da filial paulistana do boteco Rainha — Foto: Alexandra Forbes
Meu caso de amor com botecos cariocas começou 30 anos atrás. Eu era uma jovem repórter na VIP (melhor revista masculina daqueles tempos) quando meu chefe me despachou ao Rio com uma assistente para passar duas semanas pingando de bar em bar,varrendo a cidade atrás do que houvesse de melhor para publicarmos um guia. Adriana saía para um lado,eu para outro,de motorista,e só voltávamos ao flat tarde da noite depois de comermos e bebermos em dez ou 15 lugares bem recomendados. Tardes e noites seguidas em Santa Teresa,Vila Isabel,Tijuca,Copacabana,Centro,Flamengo e Leblon de bloquinho em mãos foram como uma Universidade de Botecagem (eu explorava meus bairros favoritos e minha copilota,os outros). Washington Olivetto e Edgard Costa,os publicitários mais gulosos que conheço,deram-me pistas preciosas.
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À mesma época,Edgard largou a publicidade e criou em São Paulo,com sua turma de happy hour,uma carta de amor à botecagem carioca em forma de bar: o Pirajá. Um lugar onde se sentissem teletransportados para seus botecos do coração,como Belmonte e Paladino. Ali os paulistanos caíram de amores pelo jeito carioca de jogar conversa fora num bar. Enquanto pipocaram cópias e o Pirajá virou rede,os anos levaram muitos dos velhos clássicos.
Hoje quase não vou mais a botecos. Por isso bateu forte a nostalgia anteontem,quando reencontrei a minha madeleine de Proust — um chope bem tirado,de colarinho largo. Foi no novo Boteco Rainha (o segundo do Itaim),filial da matriz no Leblon fundada pelo chef Pedro de Artagão. Itaim sendo Itaim,vi uns tantos Faria Limers no salão. Perguntei ao gestor de fundos Irapuã Dantas se muda o mood quando abunda a galera das finanças e não tem ninguém de bermuda. Que nada! Para ele,a aura descontraída do Rio é palpável naquela casinha de esquina. Só fui concordar quando Natan Machado,do Estácio — sorrisão largo,simpatia à toda prova — veio me servir croquetes de costela e um chope perfeito. Esse,sim,a pura encarnação da alma carioca!
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