Realizado pelo médico William Frey,um estudo comprovou que chorar libera endorfinas e promove felicidade e bem-estar geral — Foto: Freepik
Realizado pelo médico William Frey,um estudo comprovou que chorar libera endorfinas e promove felicidade e bem-estar geral — Foto: Freepik
Este ano marca meio século do surgimento de um dos conceitos mais famosos da chamada "ciência da felicidade" e da economia desse campo em particular: o "paradoxo de Easterlin". Em 1974,o economista britânico Richard Easterlin publicou um artigo intitulado "O crescimento econômico melhora a condição humana? Algumas evidências empíricas",no qual destacou o que considerava uma anomalia. Após um nível básico de necessidades satisfeitas,as pessoas de países com rendas muito diferentes não relatavam sinais de felicidade de acordo com essa riqueza.
O pênis pode quebrar ou diminuir de tamanho? Especialista desmistifica 5 dúvidas sobre o órgãoBruxismo: 'Ranjo tanto os dentes que eles estão começando a desaparecer',diz mulher que sofre do transtorno há mais de 10 anos
O mesmo paradoxo ocorreu em uma linha temporal. Medido ao longo de décadas em países cujo PIB havia multiplicado (no Japão e nos Estados Unidos do pós-guerra,por exemplo),o mesmo não ocorreu com o nível de bem-estar emocional agregado.
Nas décadas seguintes,essa área de estudos cresceu exponencialmente. Foram fundados institutos,revistas acadêmicas especializadas e até ministérios e programas de governo com o objetivo de aumentar a felicidade dos habitantes – desde a Inglaterra até o Butão,um país onde o PIB não é medido em termos monetários,mas,sim,no bem-estar emocional de seus cidadãos.
Há semanas,foi divulgado o relatório mais amplo e conhecido sobre o estado da felicidade no planeta,o "Relatório Mundial de Felicidade". Desta vez,o documento se concentrou nas diferenças de bem-estar emocional ao longo da vida. Aliás,houve algumas surpresas.
Tradicionalmente,a curva da felicidade no ciclo de vida reproduzia o formato de "U" ou um sorriso: era alta na juventude,diminuía e atingia seu ponto mais baixo entre os 40 e 55 anos,devido ao excesso de trabalho,responsabilidades familiares,crises de meia-idade,etc. Depois,voltava a aumentar até os níveis iniciais. No entanto,segundo o relatório,desde o final da primeira década deste século (entre 2006 e 2010),começou a ser notada uma diminuição na felicidade de jovens adolescentes,que se aprofundou durante a pandemia.
Os 10 países mais felizes do mundo se repetem com poucas alterações,com destaque para a Finlândia que sempre lidera os 5 países nórdicos no top 10. Os Estados Unidos e a Alemanha,por exemplo,caíram para as posições 23 e 24,respectivamente. Já a Argentina subiu da posição 52 para a 48,segundo as pesquisas realizadas há um ano.
A agenda da felicidade tem uma relação muito estreita com a do bem-estar. Há uma forte correlação entre ambas as variáveis,e até "fingir" um sorriso é melhor do que não rir: envia ao cérebro sinais que depois ajudam a melhorar o humor.
Embora seja muito popular na mídia,a "ciência da felicidade" recebe muitas críticas no mundo acadêmico,devido à subjetividade do assunto que trata. Assim,os problemas metodológicos são infinitos: em algumas culturas,é mal visto responder uma pesquisa que não se é feliz (isso acontece no norte da Europa). Por outro lado,em nações asiáticas,como o Japão,ocorre o contrário.
Não vá no mercado com fome e use dinheiro em espécie: 10 dicas para perder peso ao ir às compras
Como dizia Groucho Marx: "Estes são meus princípios. Se não gostarem,tenho outros". No Japão,não é por acaso que surgiu uma "contra escola" que,para se sentir melhor,promove o choro pelo menos uma vez por semana.
Hidefumi Yoshida é conhecido como "o mestre das lágrimas" e passa seu tempo viajando pelo Japão,realizando palestras e cursos onde educa as pessoas sobre os benefícios do choro regular.
— Chorar é mais eficiente do que rir ou dormir para reduzir o estresse. Se você chorar uma vez por semana,pode viver uma vida sem estresse — aconselhou Yoshida,em entrevista ao Japan Times.
Nos materiais de seus cursos,ele disponibiliza livros,filmes e músicas emotivas,que induzem lágrimas com facilidade. Segundo o "mestre",isso estimula a atividade nervosa parassintética,diminui a frequência cardíaca e acalma a mente.
Yoshida não é o único que promove o choro para fins de melhora emocional e física. O estudo pioneiro nesse campo é de 1981,realizado por William Frey,médico e professor da Universidade de Minnesota,conhecido como "especialista em lágrimas",que comprovou que chorar libera endorfinas e promove níveis de felicidade e bem-estar geral. Anos depois,em 2008,outro estudo com mais de 3 mil voluntários revelou que chorar faz as pessoas se sentirem melhor em situações difíceis e,por isso,promover o choro pode ser uma ferramenta terapêutica poderosa.
Entenda: SUS incorpora tratamento que substitui cirurgia para pacientes com metástase no fígado
O site cryonceaweek.com oferece uma cena curta super dramática e triste toda semana. O último tem 3 minutos e 40 segundos,com Matt Damon contando ao terapeuta Robin Williams um trauma de sua infância em Good Will Hunting ("Gênio Indomável",1997).
Assim,a lição do vendedor de wafers em Villa Gesell torna-se mais válida do que nunca: "Chorem,crianças,chorem!". Ou a frase popularizada por Moria Casán (e depois adotada por Antonio Gasalla com um tom humorístico): "Se quer chorar,chore".
© Hotspots da moda portuguesa política de Privacidade Contate-nos