Nicolás Maduro,durante evento na Suprema Corte,em Caracas — Foto: Gaby Oraa/Bloomberg Faltam menos de dez dias para as eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela,e o clima no país está
Nicolás Maduro,durante evento na Suprema Corte,em Caracas — Foto: Gaby Oraa/Bloomberg
Faltam menos de dez dias para as eleições presidenciais de 28 de julho na Venezuela,e o clima no país está tenso. Na região,muitos acreditam que,se for necessário,o governo de Nicolás Maduro será contido por Brasil e Colômbia,dois importantes países da região que dialogam com o Palácio de Miraflores. Essa expectativa é exagerada e não leva em consideração um fator essencial neste momento: a desconfiança do governo Maduro em relação a qualquer país que,com maior ou menor ênfase,critique suas decisões,atitudes ou ações,num cenário político interno profundamente delicado.
Vídeo: Maduro fala em risco de 'banho de sangue' e 'guerra civil' em caso de derrota nas eleições da Venezuela'Sem proteção': Chefe de segurança da líder opositora da Venezuela é preso a poucos dias da eleição
As relações entre Brasil e Venezuela são boas,mas não são as mesmas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve com o então presidente Hugo Chávez. Como me explicou uma fonte do governo brasileiro,os seis anos em que o Brasil esteve ausente do país,sem ter deixado sequer um encarregado de negócios,causaram um dano enorme no vínculo bilateral.
Com Chávez,a comunicação era fluida,e o então presidente venezuelano considerava Lula um aliado fundamental na região. Muitas vezes,o líder bolivariano dizia a Maduro,que comandava a Chancelaria,que telefonasse para Celso Amorim,então chanceler de Lula,para trocar ideias e discutir temas específicos.
Entrevista: Líder da oposição na Venezuela diz contar com Lula para convencer Maduro a aceitar transição de governo
Hoje,Amorim é assessor especial da Presidência da República e sua comunicação com seus interlocutores no governo de Maduro não é tão simples como muitos podem imaginar. O diálogo continua existindo,mas contaminado pela paranoia chavista. Essa paranoia aumenta quando chega a Caracas a informação de que membros do governo brasileiro tiveram contato com dirigentes da oposição,entre eles o candidato presidencial Edmundo González Urrutia,na frente na maioria das pesquisas. González é o nome respaldado por María Corina Machado,dirigente política mais temida pelos chavistas por sua capacidade de mobilização da sociedade.
O mesmo acontece com a Colômbia de Gustavo Petro,e mais ainda desde que a Chancelaria foi assumida por Luis Gilberto Murillo,ex-embaixador colombiano nos EUA. Murillo é considerado por muitos chavistas o elo entre o governo de Petro e a oposição venezuelana. O chanceler,de fato,tem canais de diálogo abertos com os opositores de Maduro há muito tempo,e sua chegada ao Gabinete do presidente colombiano acentuou as dúvidas de Maduro sobre até que ponto conta com o apoio do país vizinho.
Todos os cenários traçados por analistas para as eleições venezuelanas são desafiadores. Se o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciar a vitória de Maduro,teme-se uma reação forte da oposição,com eventuais protestos em todo o país. Se,pelo contrário,as pesquisas que apontam uma vantagem expressiva de González acertarem,e esse resultado for aceito pelo governo de Maduro,o medo é o de uma reação das alas radicais do chavismo.
Em qualquer um dos casos,muitos olharão para Brasil,Colômbia e Estados Unidos. Esta semana,Amorim foi até Washington conversar com seus interlocutores americanos,e a Venezuela é um dos pontos fortes da agenda. Mas a Venezuela de Maduro não é a Venezuela de Chávez. Dentro do país,informa a imprensa local,estão enviados de países que o presidente venezuelano considera aliados incondicionais,como Rússia,Irã e Cuba. Será a esses países que Maduro vai recorrer,se for necessário. Resta saber o que farão os vizinhos sul-americanos,hoje com capacidade mais limitada de ação e influência no território venezuelano.
© Hotspots da moda portuguesa política de Privacidade Contate-nos