O economista angolano Wilson Chimoco defendeu hoje uma posição "mais energética" do Banco Nacional de Angola (BNA) para conter o aumento de preços no país, onde a inflação atingiu 31%, admitindo que as atuais taxas diretoras devem manter-se.
De acordo com o especialista,a desaceleração da inflação mensal deve levar o Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola (BNA) a manter as suas principais taxas,após a 118.ª reunião ordinária que decorre até sexta-feira,no Cuando-Cubango.
"As perspetivas apontam para a manutenção das atuais taxas de juro praticadas pelo BNA,isto porque a desaceleração da inflação,que se tem assistido nos últimos dois meses,a redução do aumento da massa monetária disponível na economia e a estabilidade que se tem assistido na taxa de câmbio poderão então justificar essa decisão",disse o economista à Lusa.
Wilson Chimoco,que projetava a política monetária do BNA para julho,considerou,no entanto,que os níveis de preços continuam altos (31% em junho,estimulados pela subida dos preços na alimentação e bebidas),o que exigiria do BNA uma "posição mais energética" para conter este aumentoo.
"As últimas decisões tomadas em novembro de 2023 e janeiro,março e maio de 2024, de agravamento da política monetária,têm vindo a surtir efeito e os efeitos [são] a desaceleração da inflação nos dois últimos meses e é de continuar a esperar",frisou.
As decisões da reunião do Comité de Política Monetária do BNA,que se iniciou hoje na província angolana do Cuando-Cubango,sul do país,serão anunciadas na sexta-feira,em conferência de imprensa.
O banco central angolano decidiu,em maio passado,aumentar a sua taxa diretora de 19% para 19,5% e a taxa de juro de Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez de 19,5% para 20,5%,visando travar a inflação,ocasião em que decidiu manter a taxa de juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez em 18,5% e aumentar o coeficiente das reservas obrigatórias em moeda nacional de 20% para 21%.
Chimoco,que entende que o BNA deve manter as referidas taxas,assinalou,por outro lado,que o organismo tem sido "muito cauteloso" no domínio das suas políticas "e,quando necessário,apresenta uma posição mais ponderada para o agravamento da política monetária".
"Penso que não há de ser ao contrário nesta reunião. Vão é dar indicação de que estão preocupados e atentos à evolução da taxa de inflação,mas não deverão tomar uma medida adicional àquelas já tomadas para conter os níveis de preços na economia",insistiu.
O secretário de Estado do Planeamento,Luís Epalanga,destacou,em junho,o impacto positivo das medidas no setor produtivo,e,com isso,na trajetória da inflação dos últimos meses.
"A [variação face ao mês anterior da] inflação em fevereiro situou-se em 2,58%,depois passou para 2,54%,voltamos a ter o pico de 2,61%,por causa do ajustamento do preço dos transportes,e ela estabilizou o mês passado [maio] em torno de 2,41%,e as nossas previsões para o mês de junho é que ela venha a estar muito próximo de dois ou muito abaixo disso",sublinhou o governante.
Segundo Wilson Chimoco,se os preços continuarem a variar abaixo dos 3% é provável que,até final de 2024,a taxa de inflação homóloga se venha fixar nos 23%,meta prevista pelo BNA para 2024.
"Mas,é importante destacar que depende muito essa evolução daquilo que é o preço da classe dos bens alimentares e bebidas não alcoólicas e da classe de saúde,são as duas principais classes que têm vindo a registar aumento e que têm vindo a pressionar a inflação em Angola. Essa tendência poderá vir a ser moderada à medida em que a economia conseguir produzir mais bens",concluiu o economista.
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