Levar vida ativa e se afastar das telas ajuda a equilibrar a mente — Foto: Freepik RESUMOSem tempo? Ferramenta de IA resume para você
Levar vida ativa e se afastar das telas ajuda a equilibrar a mente — Foto: Freepik
GERADO EM: 15/10/2024 - 04:30
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Ansiedade,depressão,déficit de atenção,sono ruim. Problemas antes comuns a adultos estão afetando cada vez mais jovens,adolescentes e até crianças. Como enfrentar essa situação e mudar esse cenário?
É sobre isso que falo na palestra "4 passos para a saúde mental dos jovens",apresentada na 5ª edição do ConVIDA,Congresso Vida Veda de Medicina Integrativa,disponível gratuitamente no YouTube do Vida Veda (acesse o link). O evento reúne 61 especialistas e profissionais de diversas áreas da saúde para discutir saúde mental. Seguem alguns dados que justificam a preocupação com o tema.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS),o Brasil é o país mais ansioso do mundo. Ocupa também o 5º lugar em depressão;Os casos de ansiedade e depressão aumentaram 25% durante a pandemia,no mundo todo;Pesquisa recente da Ipsos no Brasil revelou que 45% dos entrevistados mencionaram ter ansiedade,na maioria mulheres (55%) e jovens de 18 a 24 anos (65%);Outro estudo mostrou que,pela primeira vez no país,os registros de ansiedade entre crianças e jovens no Brasil superaram os de adultos. Os dados são da Rede de Atenção Psicossocial do SUS (Sistema Único de Saúde) de 2013 a 2023;No mundo não é muito diferente: estudo publicado na revista científica Jama Psychiatry revelou que 1 em cada 10 jovens entre 5 e 24 anos vive com pelo menos um transtorno mental diagnosticável. A ansiedade predomina no grupo de 5 a 9 anos,enquanto os transtornos depressivos são mais prevalentes nos grupos de 15 a 24 anos.
Os especialistas relacionam o uso de mídias sociais sem orientação ou conscientização combinado ao longo tempo de exposição às telas (de celular,tablet,computador e televisão) com sintomas depressivos,de ansiedade,estresse e baixa autoestima entre crianças e jovens.
Diante desse quadro,o que podemos fazer? Vamos às dicas:
O Brasil é o terceiro país do mundo que passa mais tempo na internet e em redes sociais. Cada brasileiro gasta,em média,nove horas conectado todos os dias. O vício nas telas está no centro das discussões: nos almoços de família,nas salas de aula e entre pais desesperados com filhos abduzidos pelos eletrônicos.
O assunto é tão sério que um grupo de especialistas criou,em 2008,o Instituto Delete,com a proposta de orientar e informar sobre o uso consciente das tecnologias. Trata-se do primeiro núcleo no Brasil especializado em Detox Digital e fica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Segundo o Delete,sete em cada dez pessoas são usuárias abusivas de tecnologia. Três em cada dez apresentam sintomas de dependência patológica e precisam de ajuda profissional. Embora esses dados se refiram a adultos,crianças e jovens espelham o comportamento dos pais.
Outros dados importantes do Instituto Delete:
57% das crianças até 5 anos sabem usar aplicativos de celular,mas apenas 14% sabem amarrar os sapatos;Pela primeira vez,filhos têm QI inferior aos dos pais;A exposição abusiva de telas diminui o desenvolvimento cognitivo,levando a distúrbios de concentração,aprendizagem e impulsividade;A hiperexposição às telas gera superestimulação da atenção e perda das interações intrafamiliares,prejudicando o desenvolvimento emocional.
O instituto destaca que a dependência digital não está diretamente relacionada ao tempo de conexão de uma pessoa aos seus dispositivos eletrônicos,mas sim ao nível de perda de controle na vida real,gerando prejuízos nos campos profissional,familiar,afetivo ou social. Isso no caso dos adultos. Para crianças e adolescentes,limitar o tempo de tela é fundamental.
Há anos pesquisadores estudam a relação entre tecnologia e o comportamento humano,em especial entre crianças e adolescentes,que ainda não desenvolveram completamente o sistema de autocontrole. Já se sabe,por exemplo,que as redes sociais têm mecanismos desenvolvidos para criar dependência.
A OMS recomenda que o uso de telas por crianças seja limitado de acordo com a idade.
Até 2 anos não devem ter acesso a telas;De 2 a 5 anos devem usar telas por no máximo uma hora por dia,sempre com supervisão de adultos;De 6 a 10 anos devem usar telas por no máximo uma a duas horas por dia,sempre com supervisão de responsáveis;De 11 a 18 anos devem ter o tempo de telas limitado a duas a três horas/dia,e nunca “virar a noite” jogando.
Outras recomendações de especialistas:
Crianças até 14 anos não devem ter acesso a redes sociais;Ao dormir,o celular deve estar desligado e longe do alcance;As refeições devem ser feitas à mesa,sem celular ou tablets.
Segundo o IBGE,84% dos jovens brasileiros são sedentários,um número alarmante.
Além de todos os benefícios para a saúde física,várias pesquisas comprovam os benefícios da atividade física também para a saúde mental. Exercitar produz endorfinas e outras substâncias que dão sensação de felicidade e bem-estar — é um antídoto contra sintomas depressivos,além de reduzir a ansiedade e o estresse e ajudar a dormir melhor.
Como a regularidade é fundamental para desfrutar dos benefícios da atividade física,praticar esporte é uma ótima opção. Incentive seu filho a participar das aulas de educação física,a entrar no time da escola,a jogar bola com os amigos. O esporte contribui para a integração com os colegas,desenvolve o senso de equipe ensina a aprender a ganhar e perder.
Se ele não gosta desses esporte,ofereça outras possibilidades: aula de natação,dança,artes marciais. Quando você matricula a criança em uma atividade física fica mais fácil manter o exercício na rotina.
Mas é fundamental que os jovens entendam que todo movimento conta: passear com o cachorro,ir a pé para a escola,subir escadas,andar de bike,dançar…
Dormir bem é fundamental para a saúde física e mental. Durante o sono acontecem as principais funções de renovação do organismo: reparação de tecidos,recuperação muscular,ativação do sistema imune,produção de hormônios,fixação da memória e até fortalecimento de emoções positivas.
A pandemia interferiu no ritmo do sono,principalmente das crianças e jovens,que passaram a virar a madrugada assistindo a séries,jogando games ou navegando na internet. Precisamos ajudá-los a reorganizar a rotina.
Para dormir direito,temos criar um ambiente acolhedor. E a receita para um sono restaurador têm nome: higiene do sono. São dicas simples e que funcionam,desde que colocadas em prática. Algumas delas:
Ter horário para dormir e acordar e respeitar o ciclo circadiano (não trocar o dia pela noite);Manter o quarto o mais escuro possível,cobrindo inclusive as minilâmpadas de computador,TV a cabo e ar-condicionado;Não ter TV e computador no quarto é o ideal;Pelo menos uma hora antes de dormir,evitar contato com eletrônicos (computador,tablet e celular): a luz azul dos aparelhos espanta o sono;Incluir atividade física na sua rotina também é importante para melhorar a qualidade do sono.
A ciência comprova que estar próximo à natureza tem propriedades terapêuticas. Os japoneses sabem disso desde a década de 1980 quando,diante do aumento dos níveis de estresse da população,o governo decidiu incentivar pesquisas científicas sobre os benefícios do contato com a natureza para a saúde.
Desde então,estudos consistentes reconheceram a importância dessa prática como medicina preventiva,uma vez que foi registrado aumento do bem-estar,melhora da imunidade e redução do estresse e da ansiedade.
Mas você não precisa se mudar para o campo para usufruir desses benefícios.
Aproveite as oportunidades de sair da cidade com os filhos nos finais de semana: para a praia,sítio,montanha;Nas férias,viaje para lugares próximos à natureza;Se não dá pra sair da cidade,nos finais de semana,aproveite para passear com seus filhos nos parques,visite praças e bosques;Se é sócio de clube ou tem acesso a área de lazer,fique com seus filhos ao ar livre: prefira a praça ao shopping center.
A saúde mental é o resumo de tudo isso e vale para todas as idades. Aqui,falamos apenas de estilo de vida e comportamento. Os especialistas são unânimes em dizer que dá para melhorar muito a saúde mental adotando hábitos mais saudáveis. Mesmo quando é necessário usar medicação,a adoção de atitudes saudáveis é fundamental.
Assista a palestra e compartilhe a palestra e esse texto com seus parentes e amigos. Vamos cuidar da saúde mental dos nossos jovens.
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