Cachorros que atravessaram o Rebouças — Foto: Reprodução/Instagram RESUMOSem tempo? Ferramenta de IA resume para você
Cachorros que atravessaram o Rebouças — Foto: Reprodução/Instagram
GERADO EM: 15/10/2024 - 04:30
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No Rio foi reeleito o Eduardo Paes. Em São Paulo ficou para trás o Marçal. O Brasil ganhou do Chile nas eliminatórias e o furacão Milton passou pela Flórida. Muita coisa aconteceu nos últimos dias.
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Alguns fatos são importantes,aparecem na primeira página do jornal. Outros,singelos,serão contados na mesa de jantar,enquanto se adoça o café. Alguns acontecimentos hoje notáveis serão logo esquecidos. Outros,que pareciam modestos,ficarão na memória.
Dias atrás,dois simpáticos cachorros — Fiel e Quinzinho — fugiram de casa,no Rio Comprido. Zanzaram pelo bairro,foram vistos aqui e ali,deram um rolê nas redondezas. Em algum momento,como acontece conosco de vez em quando,eles acharam que sua casa ficou pequena. Como será o resto da cidade? Os outros cachorros,as outras pessoas,os outros lugares? O mundo,dizem por aí,é grande. Se foi ideia do Quinzinho ou do Fiel,nunca saberemos. Um deles olhou para a montanha imensa,e,à maneira dos cachorros,pensou: o que tem outro lado?
Alguns de nós também procuram saber como é atrás da montanha,de um muro,da tela. Alguns não,imaginam que estão do lado bom e não há motivo para ir atrás do desconhecido. Vai que é perigoso? Não sabemos se foi o Fiel ou o Quinzinho que avistou o túnel. Muito menos qual dos dois imaginou que aquele caminho longo os levaria até o outro lado da montanha. Não importa. Os dois cachorros atravessaram o Rebouças.
Se para nós cruzar a pé um túnel tão movimentado já seria uma façanha,para os cães é uma epopeia,uma aventura a ser descrita em versos por um Camões. A presença dos dois tornou o Rebouças um rebuliço. Ninguém sabe como Fiel e Quinzinho não foram atropelados. Talvez pela boa vontade dos motoristas,talvez por sorte mesmo,que sem ela não se chega nem ao fim do túnel nem a lugar algum.
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Foram recolhidos — quase do outro lado — pelo pessoal da CET-Rio e colocados num cercadinho. A odisseia teria chegado ao fim? Claro que não: o que adianta atravessar um túnel quilométrico e ficar preso na saída? Foi o que deve ter concluído o Quinzinho,que tratou de escapar. Fiel,fazendo jus ao seu nome,foi atrás. Logo estavam dando voltas pelo Jardim Botânico.
Encontraram o que queriam? Acharam que os cachorros,as pessoas,as ruas do outro lado eram diferentes ou parecidas? Não sabemos,teremos que descobrir por conta própria.
Ao notar que os dois estavam zanzando na Maria Angélica,sem rumo,os moradores da vizinhança se mobilizaram para ajudar. A Teresa foi até eles,o Marcio deu banho e comida. Fiel e Quinzinho encontraram amparo e,finalmente,descansaram,exaustos que estavam de tantas peripécias. A foto dos dois caiu nas redes,a noticia viralizou,foram encontrados os donos. Voltaram para o Rio Comprido,para casa.
É uma notícia para a primeira página? Não,aconteceram fatos muito mais importantes do que dois cachorros atravessarem o Rebouças. Paes,Marçal,Chile,o furacão da Flórida. Serão esquecidos? Em tempos onde o outro lado virou algo perigoso e a diferença causa medo e raiva,Fiel e Quinzinho deram,seu recado. Descobriram o outro lado,viveram uma grande aventura,terão a lembrança.
É a história que conto agora,recolhendo pratos e colocando xícaras. Onde estará o açúcar?
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