Brasil é quarto país do mundo em número de usuários no GitHub,principal plataforma principal plataforma de colaboração em desenvolvimento de software — Foto: Divulgação/GitHub
Brasil é quarto país do mundo em número de usuários no GitHub,principal plataforma principal plataforma de colaboração em desenvolvimento de software — Foto: Divulgação/GitHub
GERADO EM: 31/10/2024 - 21:32
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O crescimento da comunidade de desenvolvedores de softwares,aplicativos e sistemas no Brasil tem sido um dos mais acelerados no mundo e foi o maior da América Latina no último ano. É o que mostram dados do GitHub,plataforma de colaboração e compartilhamento de códigos que é a maior do mercado.
Em 2024,o número de programadores do país aumentou 27% em relação ao ano anterior,à frente do ritmo de expansão de México,Colômbia e Argentina.
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Com 5,4 milhões de brasileiros,o país só fica atrás de Estados Unidos,Índia e China em número de usuários do serviço. A expansão acompanha um cenário de ampliação da presença de programadores do sul global,incluindo da África e Ásia.
Até 2028,a Índia,por exemplo,deve ultrapassar os EUA em número de desenvolvedores e liderar o ranking da plataforma. A Nigéria também aparece em destaque como uma das localidades de mais expansão dos "devs".
Mercado global de produtos relacionados à inteligência artificial (IA) está crescendo rapidamente e influenciando também o mundo da programação — Foto: Bloomberg
Políticas de inclusão digital e a ascensão de ferramentas de inteligência artificial (IA) que facilitam a programação estão entre os elementos que impulsionam esse movimento,de acordo com o relatório Octoverse 2024,lançado nesta semana.
Em quatro anos,o número de projetos de software criados por brasileiros no GitHub cresceu de 3,6 milhões para 12,5 milhões. Já a quantidade de códigos enviados,chamados de pushes,subiu 2,5 vezes desde 2021,para 6,4 milhões no primeiro trimestre deste ano.
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Em comparação,usuários dos Estados Unidos,os mais numerosos da plataforma,criaram 60,5 milhões de projetos e enviaram 27,2 milhões de códigos (pushes) nos primeiros três meses de 2024.
O número de usuários e a atividade na plataforma não refletem exatamente o mercado de trabalho de programadores,já que o serviço reúne também amadores e estudantes. Ainda assim,é um indicativo do interesse do país no desenvolvimento de softwares,diz Mike Linksvayer,vice-presidente de Políticas Públicas do GitHub. Segundo ele,a explosão de interesse em IA tem atraído novos programadores.
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— O crescimento que vemos na comunidade de desenvolvedores deve aparecer em outras partes da economia brasileira — avalia Linksvayer,que pondera que políticas de incentivo à inovação são essenciais para que esse interesse se traduza em geração de valor para o país. — Acho que é um momento muito oportuno para a era da IA,porque para que a sociedade como um todo aproveite essa nova tecnologia,ela precisa se difundir por toda a economia. E são os desenvolvedores quem realmente constrói essas aplicações.
Comprada pela Microsoft há seis anos,o GitHub permite que programadores colaborem,compartilhem códigos e gerenciem projetos . Também é usada por empresas para organizar o desenvolvimento de software e automatizar tarefas de programação. Ao todo,são 100 milhões de usuários e 37 mil empresas que contratam o serviço.
Desde 2021,o GitHub tem ampliado seus recursos de IA disponíveis para desenvolvedores.O principal é um assistente de inteligência artificial,o Copilot,que ajuda a escrever código. Mas ao mesmo tempo que facilita a vida de programadores e auxilia iniciantes,a IA também tem gerado preocupação no mercado sobre a substituição de mão de obra e deterioração de salários,em especial dos iniciantes.
Para Linksvayer,o ciclo de adoção da inteligência artificial faz parte de um processo progressivo de décadas de ganho de eficiência para a atividade de programação,a partir da evolução dos computadores,do surgimento de linguagens em alto nível e da própria popularização de plataformas de colaboração. Nenhuma desses ondas,defende ele,gerou redução na demanda por profissionais:
— Ferramentas como o Copilot apenas são um novo elemento nessa trajetória passada de aumento de produtividade. Em cada salto do setor,a empregabilidade de desenvolvedores aumentou porque o software ficou muito mais acessível. Quanto mais fácil desenvolver um software,mais se pode fazer com ele,o que expande o mercado — afirma o vice-presidente do GitHub.
Apesar de um dos principais países no GitHub,o Brasil ainda fica de fora do ranking daqueles que mais têm atuado em projetos de programação voltados para IA generativa. Usuários dos EUA,Hong Kong,India e Alemanha são os mais engajados.
Nesta semana,o GitHub anunciou em evento em São Francisco parcerias com o Google a Anthropic que vai permitir que os modelos de IA dessas empresas rodem no Copilot. O assistente,até então,funcionava apenas com o GPT,da OpenAI.
Terceira maior empresa do mundo usuária da IA do GitHub,o Itaú tem 8 mil desenvolvedores que programam com o Copilot. Carlos Eduardo Mazzei,diretor de Tecnologia do Itaú Unibanco,conta que a integração da inteligência artificial aumentou a produtividade dos programadores e melhorou a qualidade da base de código na empresa. Para ele,a disseminação da IA vai aumentar a competitividade no mercado de trabalho para esses profissionais:
— Primeiro,eu não acho que a IA diminui a quantidade de desenvolvedores porque a gente tem cada vez mais softwares em tudo e a necessidade de desenvolver esse código não vai cair. Mas a IA permite a geração de código de forma mais rápida,o que reflete na capacidade de entregar mais coisas. Se todo mundo está entregando mais,esse é um fator de competitividade — afirma Mazzei,que define como "contraditórios" os efeitos da IA.
O executivo acrescenta que,apesar do ganho de eficiência gerado pelo Copilot,a inteligência artificial não necessariamente dá as melhores sugestões que cada solução da empresa exige. Isso significa,para ele,que haverá cada vez mais demanda por profissionais de desenvolvimento que tenham habilidade crítica para avaliar o trabalho dos robôs. O resultado é uma régua mais elevada no mercado"
— Cada vez mais estamos buscando esses engenheiros que entendem a arquitetura dos sistemas de maneira mais ampla e que consigam avaliar se aquilo (uma sugestão do Copilot) é apropriado para o contexto. O que a gente menos quer é uma IA gerando código fraco e sem um profissional que saiba avaliar isso. Isso significa que a gente teve que elevar a régua dos profissionais que buscamos.
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