O presidente venezuelano Nicolás Maduro e o presidente Lula — Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo
O presidente venezuelano Nicolás Maduro e o presidente Lula — Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo
GERADO EM: 31/10/2024 - 19:52
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Sem responder às provocações de Nicolás Maduro,o governo Lula vê o líder chavista cada vez mais isolado. Maduro está em crise com ao menos dez países latino-americanos e a percepção,nos bastidores,é que o presidente venezuelano insiste em repelir até o escasso apoio que ainda tem junto a setores da esquerda brasileira
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Argentina,Chile,Costa Rica,Peru,Panamá,República Dominicana e Uruguai foram os primeiros a abandonarem o chavista,ao colocarem em dúvida o resultado da eleição de 28 de julho,que deu vitória a Maduro. Paraguai,Equador e Guatemala também se distanciaram.
Para piorar a situação,governos de esquerda de três nações importantes da América Latina — Brasil,Colômbia e México —,que poderiam estar ao lado venezuelano,jamais reconheceram Maduro como eleito. Afinal,não foram apresentados documentos que comprovassem ter vencido o opositor Edmundo González — que fugiu para a Espanha — na eleição realizada em 28 de julho deste ano.
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Interlocutores da área diplomática do governo afirmam que Maduro está fazendo drama,por ter sido barrado no Brics pelo Brasil,durante uma reunião de líderes do bloco na semana passada,na cidade russa de Kazan. Mas garantem que não se cogita romper relações com o país caribenho,para não perder a interlocução.
Um integrante do governo brasileiro ressaltou que,na prática,não houve interrupção de contatos entre autoridades do Brasil e da Venezuela. Na quarta-feira,ao ser convocado pelo governo do país vizinho,o encarregado de negócios da Embaixada do Brasil em Caracas,Breno Hermann,conversou com a chancelaria venezuelana. E,há cerca de uma semana,na Rússia,o ministro das Relações Exteriores,Mauro Vieira,reuniu-se com o chanceler venezuelano,Yván Gil.
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A estratégia adotada pelo governo Lula tem como justificativa uma forte preocupação que se desdobra em várias frentes. Uma delas é a possibilidade de invasão da Embaixada da Argentina em Caracas,onde estão asilados seis opositores de Maduro. O Brasil havia assumido a custódia,revogada pelo governo venezuelano em seguida,do prédio e dos seis assessores da líder da oposição,María Corina Machado.
Em meio a esse cenário,outro temor do governo brasileiro é que Maduro tenha um rompante e resolva invadir a Guiana,para tomar Essequibo. Além disso,a avaliação é que não se pode abandonar os interesses do Brasil em um país que tem mais de dois mil quilômetros de fronteira com o território brasileiro.
Desde a reunião do Brics,Maduro passou a atacar o Itamaraty e o assessor para assuntos internacionais da Presidência da República,Celso Amorim. Entre os episódios mais recentes,o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela divulgou uma nota,na quarta-feira,em que chama Amorim de "mensageiro do imperialismo norte-americano",que tem se dedicado,"de maneira impertinente,a emitir juízos de valor sobre processos que são responsabilidade exclusiva dos venezuelanos e de suas instituições democráticas".
No mesmo dia,o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela,Jorge Rodríguez,afirmou que será apresentada uma moção para declarar Amorim como "persona non grata". Essa atitude causou estranheza,uma vez que o assessor de Lula tem defendido,com insistência,a retirada de sanções econômicas aplicadas pelos Estados Unidos contra o país vizinho.
Em 28 de julho deste ano,sem apresentar provas,o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano proclamou Nicolás Maduro como vencedor da eleição,o que lhe garantiria mais um mandato. A oposição protestou e afirmou que o vitorioso era o diplomata Edmundo González Urrutia,que foi para o asilo na Espanha,para não ser preso.
Enquanto Brasil,Colômbia e México exigiam a apresentação das atas eleitorais,para que ficasse comprovado quem realmente venceu o pleito,Argentina,Peru e outros países da região se negaram a dialogar com Maduro e,por isso,tiveram seus diplomatas expulsos da Venezuela.
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