Jogadores do Botafogo comemoram o gol marcado por Gregore contra o Palmeiras — Foto: Vitor Silva/Botafogo
Jogadores do Botafogo comemoram o gol marcado por Gregore contra o Palmeiras — Foto: Vitor Silva/Botafogo
GERADO EM: 28/11/2024 - 20:47
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Naquela quinta-feira,24 de outubro,dia seguinte a Botafogo 5 x 0 Peñarol,jogo de ida da semifinal da Libertadores,uma camisa do Botafogo apareceu estendida sobre um monitor no escritório,um enorme salão ocupado normalmente só por cadeiras,mesas e computadores,agora enfeitado por reluzente camisa do Botafogo.
O fato de ser a camisa número 23 de Thiago Almada — um craque argentino,campeão do mundo em 2022,contratação mais cara da história do futebol brasileiro — era por si só um emblema da transformação pela qual passa o clube. A atitude do dono da camisa contrastava com todos os clichês historicamente associados ao Botafogo e ao botafoguense. Estava ali exposta,numa cena meio banal — uma camisa estendida num escritório — a confiança no próprio time que costuma ser mais associada a outras torcidas.
Em março deste ano,João Moreira Salles publicou na revista piauí um longo e lindo texto sobre “ser Botafogo”. O relato pessoal de como um botafoguense viveu e processou o drama de 2023 é permeado por termos como tristeza,sofrimento,dor,angústia,trauma. No sábado passado este espaço foi ocupado por uma deliciosa “carta ao amigo botafoguense” escrita por Gustavo Poli. Estão ali os piores temores,as previsões mais pessimistas,os castigos mais cruéis.
Mas o Botafogo de 2024 inspira outras sensações. O time lidera a Série A a duas rodadas do final,e joga futebol em nível muito mais alto do que seus perseguidores. A vitória por 3 a 1 sobre o Palmeiras nesta semana,em São Paulo,deixou evidente o tamanho da distância entre o time de Artur Jorge e o segundo colocado — e ainda serviu para abafar de vez os ruídos externos que começaram a ser ouvidos no clube após alguns empates no Campeonato Brasileiro.
O Botafogo chega à final da Copa Libertadores amanhã,contra o Atlético-MG,em Buenos Aires,como favorito ao título. Porque joga melhor e porque o rival não vence há dez partidas. Mas também porque,ao longo do ano,o Botafogo teve tudo — até sorte. Nas oitavas de final,contra o mesmo Palmeiras,foi salvo pelo VAR e pela trave quando todos os recursos técnicos,táticos,físicos e mentais já tinham se exaurido. Nas quartas,contra o São Paulo,não se abalou com o gol sofrido no final do confronto e avançou nos pênaltis.
Fora de campo o Botafogo de 2024 também se mostrou diferente. Na véspera do jogo contra o Palmeiras nesta semana,John Textor avisou: “Gostamos de jogar no estádio deles. Nós costumamos jogar bem lá. Vocês já viram isso”. E todo mundo viu o que aconteceu no Allianz Parque. Toda vez que alguém ousou evocar os fantasmas de 2023,o técnico Artur Jorge levantou a voz (às vezes de maneira grosseira) e trouxe a conversa para 2024.
É sempre arriscado fazer previsões quando se trata de futebol,o mais ingovernável dos esportes. O Atlético-MG é perfeitamente capaz de ganhar a Copa Libertadores pelos ótimos jogadores que tem,assim como o Palmeiras ou até o Inter podem conquistar o Campeonato Brasileiro. Mas são muitos e são grandes os sinais de que se aproxima o momento em que o mundo vai saber que um outro Botafogo é possível.
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