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Ex-procuradora x condenado: Estratégia de Kamala para derrubar Trump põe foco nas pendências do republicano na Justiça

Após desistência de Joe Biden,Kamala Harris deve disputar eleição para presidência dos EUA contra Donald Trump — Foto: Brendan Smialowski e Patrick T. Fallon/AFP

Após desistência de Joe Biden,Kamala Harris deve disputar eleição para presidência dos EUA contra Donald Trump — Foto: Brendan Smialowski e Patrick T. Fallon/AFP

RESUMO

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GERADO EM: 23/07/2024 - 04:30

Kamala Harris foca em estratégia contra Trump para convenção democrata.

Kamala Harris,possível rival de Trump,destaca estratégia contra pendências judiciais do republicano. Com apoio de Biden,foca em força e resistência para enfrentar Trump. Questão do aborto também impulsiona campanha. Desafio na convenção democrata em agosto.

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Principal nome para a nomeação do Partido Democrata para as eleições presidenciais deste ano,a vice-presidente Kamala Harris pode se tornar,em breve,a nova rival do ex-presidente Donald Trump,do Partido Republicano,nas urnas em novembro. Com arrecadações milionárias,o endosso do presidente Joe Biden,que desistiu da candidatura no domingo sob forte pressão interna,e de outros democratas de peso,ela ainda precisa ser confirmada pela legenda,mas sua estratégia de como enfrentar o republicano já pode ser prevista: será Kamala,a ex-procuradora-geral,contra Trump,o criminoso condenado pela Justiça.

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Desde o início da tentativa de reeleição de Biden,os democratas tentaram enquadrar a disputa como uma escolha entre duas visões diferentes,em vez de um referendo sobre a idade avançada do presidente de 81 anos. Com Biden desistindo e Kamala buscando a nomeação em seu lugar,o partido agora vê novas oportunidades para destacar as vulnerabilidades de Trump.

— Ela é uma ex-procuradora e ele é um criminoso condenado — disse ao New York Times Marcia Fudge,uma ex-secretária de Habitação na administração Biden que disse ter falado com Kamala no domingo. — Se alguma vez houve uma grande escolha,é esta.

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A estratégia será a mesma à utilizada em sua campanha presidencial em 2020,cujo slogan era "Kamala Harris,para o povo" (o mesmo discurso de quando era promotora). Na época,a campanha não funcionou tão bem e Kamala,sem apoio e grandes doações,retirou-se cedo da disputa. Agora,a situação é diferente também em outro aspecto: a mensagem não é mais apenas retórica,considerando os problemas de Trump com a Justiça americana.

Em maio,um júri de Manhattan considerou Trump culpado de 34 acusações de falsificação de registros comerciais relacionadas a um suborno pelo silêncio da ex-atriz pornô,Stormy Daniels. Trump também enfrenta três casos pendentes: um na Geórgia sobre interferência eleitoral,outro em Washington sobre seu papel no ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021,e um terceiro sobre manuseio incorreto de documentos confidenciais,que foi recentemente rejeitado pela juíza Aileen Cannon (indicada ao cargo pelo magnata),mas está em processo de apelação pelo Departamento de Justiça.

— Essa é alguém que pode articular clara e vigorosamente o caso contra Trump — disse Jim Margolis,um conselheiro sênior da campanha presidencial de Kamala em 2020. — Essa é a procuradora dentro dela. E ela é alguém que,em um debate,pode se mover com a conversa e revidar com força,sem cartões de anotações,apenas poder cerebral.

Antes de ser eleita para o Senado em 2016,Kamala atuou como promotora distrital de São Francisco e,em seguida,procuradora-geral da Califórnia,tornando-se a primeira mulher e a primeira pessoa negra a ocupar o cargo. Com seu histórico,os conselheiros de Kamala consideram que ressaltar sua trajetória pessoal e posicioná-la como uma defensora dos americanos,em oposição a Trump,que busca benefícios próprios,é uma estratégia eficaz.

Além disso,a abordagem destaca características como força,inteligência e resistência,essenciais tanto para uma procuradora quanto para uma presidente — e que também levaram Biden à desistência.

— Como ex-procuradora,a vice-presidente Kamala tem muita experiência em responsabilizar criminosos condenados — disse a senadora de Massachusetts Elizabeth Warren,ex-oponente primária na corrida democrata de 2020 que rapidamente apoiou Kamala após a notícia da decisão de Biden. — Ela estava lutando em nome de mulheres abusadas. Ela estava nas trincheiras contra bancos gigantes. Ela estava no meio de várias lutas todos os dias como promotora e depois procuradora-geral na Califórnia.

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"A vice-presidente Kamala Harris responsabilizou criminosos durante toda a sua carreira — e com Donald Trump não será diferente",disse Ammar Moussa,porta-voz da campanha de Kamala,em uma declaração recente. "A vice-presidente dedicou sua carreira a tornar a vida melhor para os trabalhadores — enquanto Trump só se importa consigo mesmo."

Direito ao aborto

Além do foco nas pendências judiciais de Trump,a questão do aborto nos Estados Unidos também é um assunto que pode alavancar a campanha de Kamala contra Trump. A questão alimentou uma onda de vitórias democratas nos últimos anos e ajudou a vice-presidente a recuperar sua posição política após um início instável de seu mandato.

Após a decisão de 2022 que anulou o direito constitucional ao aborto,Roe v. Wade,Kamala foi mais ativa que o próprio Biden,viajando pelo país e defendendo energicamente o direito das pessoas que engravidam de decidirem sobre seus próprios corpos. Somente neste ano,ela se tornou a autoridade federal de mais alto escalão a visitar uma clínica de aborto,chamando as restrições em estados republicanos como "proibições de aborto de Trump".

— Ela fará um ataque muito mais enérgico aos direitos ao aborto que estão sob ataque neste país,e ela também articulará,de uma forma realmente autêntica,por que isso é tão importante — disse ao Washington Post Nancy Zdunkewicz,fundadora da Z to A Research,uma empresa de pesquisas democrata. — Kamala é uma ótima comunicadora sobre isso,e esse é nosso ataque mais poderoso.

Caminho pela frente

A decisão de Biden,que pôs Kamala sob os holofotes,veio uma semana depois de um atentado ser visto como um fator favorável à candidatura do rival Trump,em meio à pressão crescente no Partido Democrata para que abandonasse a campanha após seu desempenho desastroso em um debate com o republicano. Além disso,uma série de gafes que deixaram dúvidas sobre a capacidade física e mental do presidente americano,de 81 anos,de dirigir o país por mais quatro anos.

Biden deixou claro que quer passar o cargo para Kamala. "Minha primeira decisão como candidato do partido em 2020 foi escolher Kamala Harris como minha vice-presidente. E foi a melhor decisão que tomei. Hoje quero oferecer todo o meu apoio e endosso para que Kamala seja a indicada do nosso partido este ano. Democratas — é hora de nos unirmos e derrotar Trump. Vamos fazer isso",escreveu Biden no X,minutos depois de anunciar sua desistência. Kamala,por sua vez,disse estar "honrada" por receber o suporte do mandatário. Ela afirmou que pretende "merecer e conquistar" a indicação do Partido Democrata.

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Mas,apesar das doações milionárias e amplo endosso de democratas,Kamala ainda não é a candidata oficial do partido,que só será sacramentado na convenção da legenda,marcada para em agosto,em Chicago,no estado de Illinois. A vice-presidente é apontada como favorita,mas os delegados que representam filiados nos estados podem escolher outra pessoa.

Há ainda a possibilidade de a ex-senadora pela Califórnia ser desafiada por correligionários uma convenção aberta,caso não consiga os votos necessários para garantir a indicação do partido na primeira rodada de votações. E não faltam nomes,embora nenhum com potencial eleitoral suficientemente claro para derrotar Trump. Entre os mais cotados,estão governadores democratas como Gavin Newsom,da Califórnia; Gretchen Whitmer,de Michigan; J.B. Pritzker,de IIIinois.

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