O incêndio que lavra desde quarta-feira na Madeira não está a ter impacto na atividade turística, ao contrário dos ventos fortes que têm condicionado a operação no aeroporto do Funchal, disseram hoje à Lusa representantes do setor.
"O incêndio em si está a ter pouco ou nenhum impacto no turismo. O que,sim,está a ter um impacto são os ventos cruzados,que também têm um impacto no próprio incêndio. O aeroporto está uma verdadeira casa de loucos,com passageiros a dormir nos corredores e em tudo o que é lado",referiu à agência Lusa o presidente da Associação Comercial e Industrial do Funchal (ACIF),Jorge Veiga França.
As condições meteorológicas adversas,nomeadamente ventos fortes,que se fazem sentir no arquipélago da Madeira levaram ao cancelamento,desde sábado,de dezenas de partidas e chegadas ao aeroporto do Funchal,existindo centenas de passageiros retidos.
"Tem havido reclamações dos turistas que contactam os respetivos consulados,sobretudo os consulados gerais em Lisboa,porque têm que ir trabalhar ou porque as férias estão a acabar",apontou,indicando que é expectável que a situação esteja normalizada até ao final do dia.
Sobre o incêndio que lavra desde quarta-feira na ilha da Madeira e que já atingiu os municípios da Ribeira Brava,Câmara de Lobos e Ponta do Sol,o presidente da ACIF referiu que também existem algumas questões colocadas aos consulados pelos turistas.
"A ACIF tem-se batido bastante por uma opção Madeira+1 [mais um aeroporto]. Passa por mais uma opção em Porto Santo e por alterar o 'ferry' que faz hoje a travessia. É necessário olharmos para a Madeira,que não tem a opção de transporte marítimo de passageiros,para termos uma solução alternativa,sobretudo em questões de contingência",defendeu.
No mesmo sentido,o empresário e presidente do grupo hoteleiro PortoBay,António Trindade,corroborou que o incêndio "não causou qualquer impacto" no setor turístico da Madeira.
"É muito difícil fazer o apuramento da atividade turística só baseada nestes dias,tem efeitos mais diluídos no tempo. Mas,felizmente,estas coisas,em termos de situações passadas,houve aqui uma recuperação maior. O que tivemos foi,ao mesmo tempo,ventos anormalmente fortes,junto ao aeroporto do Funchal,que impediram a abertura durante três dias e meio. Aí é que houve problemas maiores",salientou.
Em declarações hoje à Lusa,Paulo Fonseca,coordenador do Departamento Jurídico e Económico da DECO (associação portuguesa para a defesa do consumidor) afirmou que os direitos dos passageiros aéreos não estão a ser respeitados no aeroporto da Madeira,onde os ventos fortes obrigaram ao cancelamento de voos desde o fim de semana.
A ilha da Madeira foi a única zona do país a estar sob aviso laranja para tempo quente,até às 18:00 de hoje (na ilha do Porto Santo vigora o nível amarelo),o segundo na escala,emitido pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) quando existe situação meteorológica de risco moderado a elevado.
O vento tem estado também a dificultar o combate ao incêndio rural que deflagrou na quarta-feira nas serras da Ribeira Brava,propagando-se no dia seguinte ao concelho contíguo a este,Câmara de Lobos,e,já no fim de semana,ao município da Ponta do Sol,através do Paul da Serra.
Até domingo,160 pessoas foram retiradas das suas habitações por precaução e transportadas para equipamentos públicos,mas muitos moradores já regressaram ou estão a regressar a casa.
O combate às chamas tem sido dificultado pelo vento,agora mais reduzido,e pelas temperaturas elevadas,mas não há registo de feridos ou destruição de casas e infraestruturas essenciais.
O fogo mobiliza perto de duas centenas de operacionais (inclusive do continente e dos Açores) e algumas dezenas de viaturas,além do meio aéreo do arquipélago,com as atenções centradas sobretudo nos concelhos da Ribeira Brava e da Ponta do Sol.
O presidente do Governo Regional,Miguel Albuquerque,afirma tratar-se de fogo posto,mas as causas ainda não foram divulgadas.
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