O governador do Banco de Portugal defendeu hoje que é importante que a política monetária "continue a flexibilização" até ao limite da capacidade, de forma gradual e estável, deixando também um alerta para o baixo crescimento económico na Europa.
"É importante para a política monetária continuar o processo de flexibilização até ao limite da capacidade",reiterou Mário Centeno,na Macro Week 2024 organizada pelo Instituto Peterson de Economia Internacional.
Para o responsável,deve-se continuar o caminho gradual "para níveis mais neutros para as taxas de juro",sendo que ainda é necessário avaliar e determinar qual é o valor onde as taxas se devem situar.
O que é certo,para o governador,é que as taxas nos 3,25%,como estão agora,"ainda estão acima do nível natural e por isso o processo tem de continuar".
Apesar desta necessidade de atingir níveis mais neutros,Centeno assegurou que o Banco Central Europeu vai continuar a ser dependente dos dados e mover-se de uma forma estável e previsível. Salientou também que considera que o Conselho de Governadores pode "considerar uma trajetória mais rápida se os dados disserem que tal é possível".
Numa apresentação sobre os riscos da inflação ficar aquém do seu objetivo se a política monetária se mantiver restritiva durante demasiado tempo,o governador do Banco de Portugal destacou que foi possível a inflação convergir,o que também se deveu à coordenação entre a política monetária e orçamental.
Na Zona euro,o "apoio orçamental conteve pressões de preços e os programas da União Europeia revitalizaram a economia",destacou,o que possibilitou aos mercados das dívidas soberanas "evitar stress".
No entanto,Centeno alertou que a economia europeia está numa fase com baixo investimento e crescimento,assumindo que "os sacrifícios feitos por agentes económicos para reduzir inflação são evidentes".
O governador sublinhou assim a necessidade de avançar para reformas estruturais,como é sugerido no relatório de Mário Draghi,bem como de "continuar a tradição europeia para gerar espaço orçamental e não ser pró-cíclica".
É uma "situação difícil porque temos um mercado laboral muito forte,com o nível de emprego e salários,mas não temos crescimento",assumiu.
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