A rede social X — Foto: Mauro PIMENTEL / AFP RESUMOSem tempo? Ferramenta de IA resume para você GERADO EM: 03/11/2024 - 22:51
A rede social X — Foto: Mauro PIMENTEL / AFP
GERADO EM: 03/11/2024 - 22:51
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Faz meses que pouco acesso redes sociais. Do álbum de família que virou shopping,o Facebook,desisti há vários anos. O Linkedin nunca me pegou,pelo excesso de prolixidade e pela escassez de substância. No passarinho,confesso,a desintoxicação foi sofrida. O Instagram é uma roleta de bebês,stand-up comedy e propagandas,dado como opera seu repetitivo algoritmo. E aí,quando a bolha fura,e o esporte chega a mim,lembro por que saí.
Na semana passada,viralizou trecho de um programa do SporTV no qual os colegas sugerem a convocação,na seleção brasileira,do lateral-esquerdo Bernabei. O jogador é argentino. O procedimento jornalístico diante de erro assim é chato,mas simples: corrige-se a informação,pede-se desculpas e bola para frente. “Erramos”. Mas hoje em dia a história não acaba aí.
Rolando o feed do Instagram,vi o corte do vídeo de Paulo Cesar Vasconcellos e André Rizek. Abaixo dele,comentários debochados de outros jornalistas e de Dunga,cuja relação com a imprensa é historicamente terrível,além das dezenas de torcedores. Os ataques carregam centenas de curtidas,outros tantos comentários. E o que é mais bizarro: uma vez que a gafe repercute na rede social,parte da imprensa escreve “notícias” sobre a própria repercussão.
Existe uma lógica comercial que justifica esse comportamento. As pessoas que tentam ganhar a vida ali,os produtores de conteúdo,geralmente não ganham um centavo das plataformas. Eles precisam de curtidas e comentários para empilhar métricas de engajamento e só então faturar com potenciais anunciantes. Há marcas que não querem ou não podem gastar com propagandas nas redes em si,então escolhem os influenciadores que lhes cabem.
Melhor seria se o conteúdo fosse de qualidade,mas conteúdo de qualidade dá trabalho,custa caro e,não raro,acaba copiado e colado por outros ditos produtores de conteúdo. O que muitas personalidades de redes notaram,então,é que essa produção é desnecessária. Você gera bons números de engajamento se souber entrar nos assuntos do momento,na hora e no tom pertinentes. É aí que atacar alguém da chamada grande imprensa vira oportunidade.
Casos assim são recorrentes nas redes sociais,tenha havido erro por parte do jornalista ou não. A figura mais comum é a do influenciador que se especializa na cobertura de tal clube,veste a roupa de defensor dele e,portanto,responsabiliza-se por contra-atacar a imprensa convencional. Ela não está ali para difundir conteúdo ou debater,mas para mirar no “inimigo comum” e alavancar seu engajamento. Como o público gosta do ódio,a estratégia vinga.
Não isento a imprensa da responsabilidade sobre o ambiente,porque de fato há quem dê motivos para reações odiosas. Há desrespeito a jogadores em comentários,há campanhas por demissões de técnicos,há clubismo mascarado em certas ocasiões,entre outros vícios. Mas a conta acaba sendo paga por quem não tem nada com isso,em meio à toxicidade das redes.
Visto que solução para o todo não há,pelo menos existe resposta para mim: a porta de saída,a opção de desligar. Ou,sendo prático,o botão para apagar o atalho na tela do celular. Eu não entendia anos atrás como Marcelo Barreto podia estar fora da rede social,dadas as supostas oportunidades comerciais e de carreira,e hoje não entendo como pude levar tanto tempo para alcançar a maturidade dele. Desligue já. Não há engajamento que valha a nossa saúde mental.
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