As grandes empresas em Portugal demonstram uma "adoção crescente" da agenda dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), registando-se ainda um "envolvimento progressivo" das pequenas e médias empresas (PME), segundo um relatório divulgado hoje pela Católica-Lisbon Business & Economics.
"Verifica-se uma evolução significativa na incorporação dos ODS nas estratégias empresariais das grandes empresas (de 67,2% para 82,8%) e cada vez mais estas empresas definem as suas estratégias de acordo com os ODS (26,2% no Ano 2 vs 34,5% no Ano 3)",apontam as conclusões do 3.º Relatório do Observatório dos ODS nas Empresas Portuguesas.
Focado na implementação da Agenda 2030 das Nações Unidas pelo setor empresarial português,o estudo nota que também nas PME se verificou um aumento na incorporação dos ODS nas respetivas estratégias,passando de 30,6% para 40,1%.
"Além disso,um número crescente de empresas passou a definir as suas estratégias de acordo com os ODS (de 1,9% para 6,8%),embora a maioria (71,2%) ainda prefira selecionar como ODS estratégicos que estejam alinhados com a sua estratégia de negócio",detalha.
Do relatório resulta ainda que a maioria das grandes empresas (87,9%) e das PME (66,7%) vê os ODS como uma oportunidade de negócio (vs. 78,7% e 63,9% no Ano 2,respetivamente).
Em alta está também o número de empresas que consideram que os ODS mais estratégicos servem como suporte ao processo de tomada de decisão: Para as grandes empresas o aumento foi de 73,8% no Ano 2 para 79,3% no Ano 3 e,para as PME,houve um aumento no número absoluto,de 74 para 88 empresas,apesar da redução percentual (de 68,5% para 66,7%)
"É possível,portanto,reafirmar a conclusão do Ano 2 que indica um aumento geral do alinhamento estratégico das empresas com os ODS",conclui o estudo,enfatizando que este aumento "é particularmente evidente nas grandes empresas,resultando num aumento do 'gap' [diferença] em relação às PME".
De acordo com a Católica-Lisbon,a falta de conhecimento sobre os ODS e como os operacionalizar foram as principais barreiras identificadas pelas PME,assim como a falta de recursos financeiros e humanos necessários para a plena implementação da Agenda 2030.
Já a limitação de não ver os ODS como oportunidade de negócio,que na edição anterior do relatório aparecia em terceiro lugar,parece estar a perder importância.
Quanto às grandes empresas,identificam como maior desafio "o facto de o 'framework' [enquadramento] dos ODS ser demasiado distante da linguagem empresarial". A falta de conhecimento sobre os ODS é identificada como a segunda maior barreira,seguida da falta de conhecimento sobre como os operacionalizar e da falta de recursos,embora ambas tenham perdido importância face ao ano anterior.
Já as motivações para a adoção dos ODS permanecem semelhantes às da edição anterior do relatório: Para as grandes empresas,passam sobretudo por ter impacto na indústria como líder na sustentabilidade,pela resolução de problemas sociais e pela geração de oportunidades de negócio,sendo que cumprir a legislação as passou também a motivar mais.
Embora não tenha diminuído em importância,"conseguir vantagem competitiva" deixou de ser uma das principais motivações (do Ano 2 para o Ano 3),devido ao aumento dado às outras opções.
Já nas PME,destaca-se a captação e retenção de talento,a oportunidade de crescimento do negócio e a vantagem competitiva. Houve também um aumento na motivação de ter impacto como líder na sustentabilidade.
Adicionalmente,o relatório constatou um aumento na percentagem de grandes empresas que incorporam os ODS nos seus relatórios de sustentabilidade (de 86% para 94%),bem como das que mencionam as metas específicas dos ODS (de 28% para 32%),embora essa percentagem "ainda permaneça baixa".
Pela primeira vez,o relatório compara diferentes indústrias da amostra,revelando "um posicionamento geral semelhante em relação a sustentabilidade e aos ODS,mas com oportunidades de melhoria,especialmente em setores como vendas,tecnologia e telecomunicações,produção e construção e imobiliário".
O 3.º Relatório do Observatório dos ODS nas Empresas Portuguesas resulta de um trabalho realizado entre 2023 e 2024 que incluiu a auscultação,através de questionários e entrevistas,de 58 grandes empresas e 132 PME.
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