Analistas esperam boa reação do mercado a partir da decisão do Copom — Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo
Analistas esperam boa reação do mercado a partir da decisão do Copom — Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo
GERADO EM: 19/06/2024 - 20:52
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O Comitê de Política Econômica (Copom),do Banco Central,deu um passo na direção certa para reconquistar a confiança do mercado. Para os analistas,a decisão unânime de encerrar o ciclo de corte de juros,mantendo a Selic em 10,afastou o temor de influência política sobre o comitê. Os primeiros reflexos positivos dessa decisão,avaliam,poderão vir já nesta quinta-feira.
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"A reação do mercado amanhã deverá ser positiva,como fechamento de hoje já indicava. O BCB fez o dever de casa e deu um passo largo para readquirir a confiança do mercado,se o governo fizer o dele e tomar medidas críveis de contenção de gastos,podemos ver uma reversão na piora recente dos ativos brasileiros",avalia Luis Otávio Leal,economista-chefe da G5Partner.
Nicolas Borsoi,economista-chefe da Nova Futura Investimentos,diz que sua expectativa para uma "decisão ótima" para o Copom era a manutenção da taxa Selic de forma unânime,com um comunicado agressivo,o que foi plenamente cumprido.
- Para o mercado é um sinal de que os novos diretores estão alinhados com a visão de uma postura mais cautelosa do Copom neste momento. Sendo assim,o mercado deve pedir menores prêmios na curva de juros,uma vez que um dos riscos para a decisão de hoje era uma percepção de leniência dos novos diretores,isso deve contribuir para queda das taxas de juros e do câmbio. E esse alívio nos juros e no câmbio devem reduzir a pressão de venda na Bolsa,contribuindo para uma recuperação do Ibovespa - explica Borsoi.
Não há mais crítica técnica a fazer a postura do Banco Central,diz Mauro Rochlin,coordenador do MBA de Gestão Estratégica e Econômica de Negócios da FGV. Para ele,a decisão de hoje deixou claro que a crítica do presidente Lula tem fundo exclusivamente político. Rochlin não acredita,no entanto,que a decisão terá grande impacto no mercado:
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-Acho que o mercado já tinha precificado esse resultado. As apostas todas já estavam nesse sentido e não vai mudar de uma maneira radical o cenário. Não podemos imaginar que vai haver uma correção absurda do dólar e da Bolsa em uma semana,estava tudo no preço. Por isso,não acredito num desempenho muito diferente do que o mercado já vinha apresentando.
Na avaliação do economista Gilberto Braga,professor do Ibmec,a decisão fortalece a posição do ministro Fernando Haddad:
- A decisão do Copom de manter a taxa em 10,confirma as expectativas do mercado,que em sua quase totalidade,apostava nessa posição. Mas de certa maneira,surpreende pela unanimidade. O mercado não tinha necessariamente convicção de que haveria um placar da maneira que foi. É uma decisão que o mercado entende como necessária e ao mesmo tempo que deve fortalecer a posição do ministro Fernando Haddad nas discussões sobre corte de gastos e o atingimento de meta fiscal.
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O comunicado do Copom retirou o Forward Guidance,que dá o direcionamento do que deve vir a seguir,na reunião de maio. Por enquanto,o entendimento é não ter sinalização para frente,reforçando que as próximas decisões serão dependente dos dados,diz Tatiana Pinheiro,economista-chefe de Brasil da Galapagos Capital.
- Esperamos que a taxa Selic fique em 10,50% até o final deste ano,e vemos possibilidade de pequeno ciclo de corte de juros em 2025 se a taxa de câmbio ceder do patamar atual.
Na visão dos economistas,de fato,há pouco espaço para em se pensar em retomada de cortes ainda este ano.
- No objetivo de impedir maior desancoragem das expectativas,o BC reforça seu compromisso com a meta de inflação,e deve manter a taxa nesse território enquanto não houver melhora gradual do cenário. A apresentação do modelo com prospectos mais negativos para a inflação reforça a ideia de que há menos espaço para cortar a Selic - afirma o economista da Rio Bravo,José Alfaix:
Em seu relatório,Leal,da G5 Partner,diz que está revisão a sua estimativa de mais dois cortes de 0,25 este ano,mas pondera que a redução dos juros nos Estados Unidos,que deve acontecer em setembro,pode mudar esse cenário:
" A nossa expectativa era de uma indicação de “pausa” e não de “interrupção”. Por isso,o nosso cenário de dois cortes de 0,25 p.p. nas reuniões de novembro e dezembro,após o Fed (banco central americano) cortar os juros em setembro está sob revisão. Por um lado,“contra fatos não há argumentos”,mas como diria Keynes: “quando os fatos mudam,mudam também as minhas convicções”. E a redução dos juros nos EUA será um “baita” fato novo."
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