O ministro da Agricultura disse hoje que os 15 milhões de euros de verbas comunitárias atribuídos a Portugal para a destilação de crise são "um paliativo" para ajudar a resolver o problema dos elevados 'stocks' de vinho.
"Nós fomos os únicos na União Europeia (UE) que tivemos 15 milhões de euros do orçamento da União para a destilação",para transformar vinho em álcool para fins industriais,lembrou o ministro José Manuel Fernandes.
Em declarações à agência Lusa,após uma reunião com a Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP),numa herdade no concelho de Ferreira do Alentejo (Beja),o governante assegurou que a verba vai permitir "diminuir os 'stocks'" nacionais de vinho,mas "a destilação é um paliativo".
"É inaceitável que se tenha andado a 'assobiar para o ar' e que se tenha feito de conta que não existia um problema nenhum,quando se estava a fazer destilações todos os anos e a deixar acumular o 'stock'",criticou.
Por não ter havido "proatividade" é que se chegou até "um ponto [em que] não há onde meter o vinho",sendo necessária uma nova destilação de crise,disse o ministro que tutela as pastas da Agricultura e Pescas.
E esta destilação "será a última,porque é uma medida excecional,não pode existir todos os anos",avisou José Manuel Fernandes,que se reuniu com a AJAP,juntamente com a ministra da Juventude e Modernização,Margarida Balseiro Lopes,na Herdade do Vale da Rosa,empresa produtora de uva de mesa.
Ao apoio de 15 milhões de euros da Comissão Europeia destinado à destilação de crise em Portugal,cuja portaria do Governo foi publicada na segunda-feira em Diário da República,há que adicionar para a Região Demarcada do Douro "3,5 milhões de euros" provenientes de saldos de gerência do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).
"Teremos,portanto,18,5 milhões de euros" para retirar "os stocks que estão em excesso",referiu o ministro.
De acordo com a portaria do Governo,o montante do apoio é de 42 cêntimos por litro,o que corresponde a 80% do menor preço estimado,tendo por base os dados disponíveis ao nível da produção na campanha de comercialização de 2023/2024.
No caso do vinho produzido no Douro,ao valor de 42 cêntimos acresce um pagamento adicional de 33 cêntimos por litro,num apoio total de 75 cêntimos por litro.
Segundo a edição de hoje do Diário de Notícias,o presidente da Federação Nacional das Adegas Cooperativas de Portugal (Fenadegas),António Mendes,lamentou que esta valorização destinada ao Douro não seja extensiva a todas as outras regiões de viticultura de montanha no país,como é o caso do Dão,de Trás-os-Montes ou de Távora-Varosa,entre outras.
Confrontado pela Lusa,o ministro José Manuel Fernandes esclareceu que o montante adicional para o Douro "é com dinheiros da região do Douro",do IVDP,enquanto os saldos de gerência do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) são "de todo o resto do território".
"Não há recursos das outras regiões que possamos dizer que são destinados a elas próprias",notou,lembrando ainda que a destilação não poderia ultrapassar "80% daquilo que tinha sido o valor médio de venda" do vinho,o que iria acontecer em algumas regiões de montanha caso houvesse um apoio adicional aos 42 cêntimos por litro.
"Se me pergunta se é justo e que 42 cêntimos é [um valor] justo,eu digo-lhe que não,mas também a destilação não é para pagar o custo. É uma pequena ajuda",reiterou o governante,considerando que seria "impossível" ter "um algoritmo que tivesse em conta todas as diversidades" da produção de vinho no país.
© Hotspots da moda portuguesa política de Privacidade Contate-nos