Os economistas moçambicanos apelaram hoje a uma investigação célere e credível do duplo homicídio de dois apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane, realçando que os "crimes violentos que assolam" o país afetam também o ambiente de negócios.
"O assassinato destas duas figuras políticas vem engrossar a extensa lista de crimes violentos que assolam o nosso país,com especial enfoque para os raptos,facto que põe em causa os esforços das ações visando a melhoria do ambiente de negócios",lê-se num comunicado da Associação Moçambicana de Economistas (Amecon).
Os economistas apelam à polícia e instituições da Justiça "para uma investigação célere,imparcial e credível,visando o rápido esclarecimento destes assassinatos",mas ao mesmo tempo "à calma e serenidade" dos moçambicanos.
"E espera das autoridades policiais e judiciárias os esclarecimentos necessários e cabais destes crimes que ameaçam o tecido político,económico e social do nosso país",acrescentam.
A polícia moçambicana confirmou no sábado,à Lusa,que a viatura em que seguiam Elvino Dias,advogado do candidato presidencial Venâncio Mondlane,e Paulo Guambe,mandatário do Podemos,partido que o apoia,mortos a tiro,foi "emboscada" e um terceiro ocupante ferido.
O crime aconteceu cerca das 23:20 locais (menos uma hora em Lisboa) de sexta-feira,na avenida Joaquim Chissano,centro da capital,e segundo a polícia um outro ocupante,uma mulher que seguia nos bancos traseiros da viatura,foi igualmente atingida a tiro,tendo sido transportada ao Hospital Central de Maputo.
"Tanto Elvino Dias,quanto Paulo Guambe contribuíram significativamente para o desenvolvimento do país,cada um na sua área de atuação,com um compromisso inabalável com a justiça,o bem comum e o progresso de Moçambique",concluiu a posição da Amecon.
O advogado Elvino Dias,conhecido defensor de casos de direitos humanos em Moçambique,era assessor jurídico de Venâncio Mondlane e da Coligação Aliança Democrática (CAD),formação política que apoiou inicialmente aquele candidato a Presidente da República de Moçambique,até a sua inscrição para as eleições gerais de 09 de outubro ter sido rejeitada pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Venâncio Mondlane viria depois a ser apoiado na sua candidatura pelo partido Povo Otimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos),cujo mandatário nacional das listas às legislativas e provinciais,Paulo Guambe,também seguia na viatura alvo do crime.
As eleições gerais de 09 de outubro incluíram as sétimas presidenciais - às quais já não concorreu o atual chefe de Estado,Filipe Nyusi,que atingiu o limite de dois mandatos - em simultâneo com as sétimas legislativas e quartas para assembleias e governadores provinciais.
A CNE tem 15 dias,após o fecho das urnas,para anunciar os resultados oficiais das eleições,data que se cumpre em 24 de outubro,cabendo depois ao Conselho Constitucional a proclamação dos resultados,depois de concluída a análise,também,de eventuais recursos,mas sem um prazo definido para esse efeito.
As comissões distritais e provinciais de eleições já concluíram o apuramento da votação das eleições gerais,que segundo os anúncios públicos dão vantagem à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo,partido no poder) e ao candidato presidencial que o partido apoia,Daniel Chapo,com mais de 60% dos votos,embora o candidato presidencial Venâncio Mondlane conteste esses resultados,alegando com os dados das atas e editais originais da votação,que recolhe em todo o país.
Venâncio Mondlane garantiu na quinta-feira que após o anúncio dos resultados das eleições gerais vai recorrer ao Conselho Constitucional,com as atas e editais originais da votação.
Em protesto contra os resultados do apuramento intermédio,Mondlane apelou para uma greve geral na segunda-feira,mas no sábado convocou,além dessa paralisação,marchas em todo o país contra o duplo homicídio.
O Governo português,a União Europeia e as representações diplomáticas em Maputo dos Estados Unidos da América,Canadá,Noruega,Suíça e do Reino Unido condenaram estes assassínios,por entre apelos a uma investigação cabal e rápida.
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