Masturbação: a importância de se tocar — Foto: Getty Images RESUMOSem tempo? Ferramenta de IA resume para você
Masturbação: a importância de se tocar — Foto: Getty Images
GERADO EM: 23/10/2024 - 04:30
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A masturbação feminina,ainda vista como um tabu em muitos círculos sociais,é uma prática natural e saudável que envolve o autoconhecimento do próprio corpo. Segundo o médico e terapeuta sexual João Borzino,através dela,a mulher explora as zonas erógenas,promovendo o prazer e,em muitos casos,contribuindo para uma maior conexão com sua sexualidade.
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"No entanto,o tema foi historicamente cercado por preconceitos e desinformação,especialmente em comparação ao comportamento masculino",explica ao GLOBO.
Dr. João afirma que,ao longo da história,a masturbação feminina tem sido reprimida por questões culturais e religiosas,diferentemente da masculina,que muitas vezes foi encarada com mais tolerância.
"Nos tempos vitorianos,por exemplo,acreditava-se que qualquer comportamento sexual feminino fora do casamento,incluindo a masturbação,era sinal de desvio moral. Infelizmente,resquícios dessa visão ainda existem,alimentando uma repressão psicológica em pleno século XXI. Felizmente,os avanços nas ciências sexuais e no movimento de empoderamento feminino têm contribuído para uma visão mais aberta e saudável sobre o tema",destaca.
Segundo ele,estatísticas globais indicam que a prática da masturbação é comum entre mulheres,embora a frequência varie. "Estudos apontam que cerca de 70% das mulheres se masturbam ao longo da vida,mas a frequência com que isso ocorre é geralmente menor do que entre os homens. Os homens costumam se masturbar mais frequentemente,possivelmente devido a menos tabus culturais e a maior aceitação social do comportamento masculino nesse contexto. No entanto,a prática feminina está se tornando mais frequente à medida que as mulheres ganham mais espaço na conversa sobre sexualidade e autonomia corporal",afirma.
O médico relata que ao longo de anos de experiência clínica,pode atender a muitas mulheres enfrentando problemas sexuais diversos. Uma queixa comum é a dificuldade em atingir o orgasmo,seja sozinha ou com um parceiro.
"Nessas situações,a masturbação pode ser uma ferramenta poderosa para o autoconhecimento,ajudando a mulher a descobrir o que lhe traz prazer,e eventualmente,comunicar melhor essas necessidades ao parceiro. Outro desafio frequente é a baixa libido,muitas vezes relacionada ao estresse,pressões sociais e familiares,e até mesmo dores menstruais e sexuais. A prática da masturbação pode aliviar algumas dessas tensões,funcionando como uma forma de liberar tensões físicas e psicológicas. A falta de educação sexual para as mulheres também é um fator que perpetua o tabu da masturbação feminina. Muitas mulheres ainda se sentem envergonhadas ou culpadas por explorar seus corpos,seja pela influência religiosa,cultural ou familiar. Essa repressão cria barreiras que dificultam a aceitação plena da própria sexualidade",observa.
Dr. João Borzino diz não haver um número "correto" ou limite fixo para a masturbação: "Desde que a prática não interfira nas atividades diárias ou nos relacionamentos. A masturbação se torna problemática apenas quando é usada como uma válvula de escape para problemas emocionais ou interfere negativamente na vida cotidiana da pessoa."
E ressalta que a masturbação pode ter um impacto positivo na relação da mulher com seu corpo. "Ao se conhecer e se tocar,a mulher pode desenvolver uma aceitação maior de suas particularidades físicas,entendendo seu corpo como uma fonte de prazer,e não de vergonha ou insatisfação. Em alguns casos,pode até auxiliar na melhora da autoimagem,já que o prazer pode promover uma relação mais positiva com a própria anatomia",pontua.
O terapeuta sexual ressalta que sexualidade feminina está diretamente conectada ao bem-estar emocional e físico. "Mulheres que têm uma relação saudável com sua sexualidade,incluindo a prática da masturbação,tendem a ter relacionamentos mais satisfatórios e equilibrados,tanto no campo romântico quanto no familiar e profissional. O autoconhecimento sexual contribui para uma comunicação mais aberta e honesta,fortalecendo a intimidade com o parceiro e também o entendimento sobre seus próprios limites e desejos",fala.
Masturbação: conhecer o próprio corpo ajuda a ter mais prazer e fortalece autoestima — Foto: Getty Images
A masturbação pode ser feita até diariamente,segundo o médico. "Desde que isso não se transforme em uma compulsão ou cause desconforto físico. Para muitas mulheres,a masturbação diária pode ser uma forma saudável de aliviar o estresse e promover o bem-estar",relata.
A masturbação feminina pode ser benéfica para o relacionamento,por permitir que a mulher conheça melhor seu corpo e o que lhe dá prazer,analisa o médico. "Essa descoberta pode ser compartilhada com o parceiro,tornando a vida sexual mais satisfatória. O segredo está em manter um equilíbrio,onde a masturbação não substitua o sexo em um relacionamento,mas sim o complemento",comenta Dr. João.
E são diversos os benefícios da prática: "Incluem liberar endorfinas,responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar,redução do estresse,alívio de dores menstruais e,claro,o autoconhecimento sexual. Além disso,a prática regular pode melhorar a qualidade do sono e até fortalecer o sistema imunológico."
O especialista esclarece não haver malefícios inerentes à masturbação,desde que não se torne uma compulsão. "O excesso pode ser um sinal de que a pessoa está utilizando a prática como fuga de questões emocionais ou de relacionamento,e nesse caso,pode ser importante buscar ajuda profissional",aponta.
O médico acredita que a masturbação é um ato de empoderamento,por envolver a mulher se apropriar de seu corpo e de sua sexualidade,sem depender de normas externas ou de parceiros para atingir o prazer: "Trata-se de uma quebra de paradigmas,onde a mulher é protagonista do seu prazer,refletindo também em outras áreas de sua vida,promovendo maior confiança e autonomia."
O médico destaca que um dos mitos mais comuns é que a masturbação prejudica o relacionamento ou a vida sexual em si.
"Na verdade,o oposto é verdadeiro: ela pode melhorar a vida sexual ao auxiliar a mulher a conhecer seu corpo. Outro mito é que a masturbação causa problemas físicos,como infertilidade,o que não tem base científica. A verdade é que a prática,quando feita de forma saudável,traz inúmeros benefícios para a saúde física e mental. Importante salientar que a salutar quando não substitui o sexo,quando não é exclusivo (só sente prazer com a masturbação),quando não causa perdas nos relacionamentos e atividade laboral,familiar e social",enfatiza.
Falar sobre masturbação feminina ainda é difícil para muitas mulheres,devido aos estigmas e tabus impostos pela sociedade.
"No entanto,é fundamental entender que essa é uma prática natural e que pode melhorar significativamente a qualidade de vida sexual. Se você sente desconforto ou enfrenta dificuldades para explorar sua sexualidade,saiba que não está sozinha. Procure ajuda profissional,converse com seu parceiro (se tiver um) e permita-se a liberdade de conhecer e respeitar seu corpo. Soluções existem,e seu bem-estar sexual e emocional merece atenção e cuidado. A sexualidade não está isolada,ela é parte da vitalidade do ser humano,e por isso deve ser devidamente cuidada como “parte de um todo”. Ser reprimida sexualmente causa muita frustração e vice-versa. Quebrar o silêncio e buscar informações é o primeiro passo para uma vida sexual mais saudável e satisfatória",finaliza.
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