O ministro Fernando Haddad e o presidente Lula no Planalto,antes do anúncio do pacote de corte de gastos — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
O ministro Fernando Haddad e o presidente Lula no Planalto,antes do anúncio do pacote de corte de gastos — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
GERADO EM: 28/11/2024 - 22:15
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O mercado não gostou do pacote de corte de gastos do governo. Assim que o ministro Fernando Haddad terminou o anúncio na TV,as queixas começaram a pipocar no noticiário online.
“Foi mais do mesmo”,esbravejou um analista de investimentos. “Muito inadequado”,reprovou o chefe de uma consultoria. “Gerou frustração”,sentenciou o porta-voz de uma corretora.
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O azedume se refletiu ontem nos indicadores econômicos. A Bolsa caiu 1,73%. O dólar chegou a ultrapassar os R$ 6. Questionado sobre as reações negativas,o ministro Fernando Haddad disse que o mercado tem errado nas previsões. “É preciso colocar em xeque as profecias não realizadas”,ironizou.
Ninguém discute a necessidade de equilibrar as contas para estabilizar a trajetória da dívida pública. A questão é decidir onde cortar — e quais setores serão poupados da tesoura.
O pacote prevê mudar a Previdência dos militares,acabar com os supersalários na administração pública e limitar o crescimento das emendas parlamentares. As medidas mexem com interesses de corporações fardadas e engravatadas. Por isso mesmo,arriscam cair no Congresso,como ocorreu com a tentativa de reduzir isenções fiscais.
O governo ainda promete endurecer regras para combater fraudes e desperdícios no Bolsa Família e no BPC. Tudo somado,projeta uma economia de R$ 70 bilhões em dois anos. O mercado achou pouco,mas cabe perguntar o que seria suficiente para saciá-lo.
Na quarta-feira,três deputados apresentaram um pacote alternativo,mais alinhado aos desejos da ortodoxia liberal. O texto prevê acabar com os pisos da saúde e da educação e desvincular o salário mínimo das aposentadorias e do BPC. Em português claro,isso significaria empurrar a conta do ajuste para os mais pobres.
O governo derrapou ao misturar os cortes com o anúncio da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil,algo prometido e repetido desde a campanha. A intenção era adoçar o arrocho com uma medida popular,mas o efeito foi elevar o tom das críticas à Fazenda.
Isso não significa dizer que Lula errou por não se curvar ao programa da Faria Lima. Com ou sem pacote,a elite econômica apoiará qualquer candidato com chance de derrotá-lo em 2026.
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