Elenco do Botafogo,comissão técnica e diretoria celebram o título da Libertadores — Foto: Vitor Silva/Botafogo
Elenco do Botafogo,comissão técnica e diretoria celebram o título da Libertadores — Foto: Vitor Silva/Botafogo
GERADO EM: 30/11/2024 - 22:46
O Irineu é a iniciativa do GLOBO para oferecer aplicações de inteligência artificial aos leitores. Toda a produção de conteúdo com o uso do Irineu é supervisionada por jornalistas.
CLIQUE E LEIA AQUI O RESUMO
Das coisas que só acontecem ao Botafogo — mito que tem origem numa goleada brilhante,em 1957,e ao longo das décadas vai ganhando conotação negativa,pela quantidade de notícias desfavoráveis a que o torcedor foi submetido —,desta vez,em 2024,botafoguense nenhum terá do que reclamar. Do clube que estava às vésperas da falência para campeão da América,pode-se afirmar sem medo que isto só aconteceu,do jeito que aconteceu,ao Botafogo.
Leia também: Os dias derradeiros de Augusto no CorinthiansCarlos Eduardo Mansur: Futebol doente transforma novo Mundial de Clubes em um estorvo
O Botafogo foi a primeira das grandes forças do futebol brasileiro a reconhecer que não podia mais competir,do modo que andavam suas finanças e seu desgoverno. Foi o primeiro a ir atrás da “privatização”,à procura de investidores para a sua Sociedade Anônima,antes que a legislação fosse alterada para criar a SAF e antes de qualquer adversário. O lado ruim de estar na vanguarda é que,bem,sofre-se primeiro. E o botafoguense sabe. Esse percurso foi sofrido.
Antes que John Textor desembarcasse no Brasil,três anos atrás,houve uma sequência de frustrações nos bastidores com o plano de salvação alvinegra. Os irmãos Moreira Salles deram o pontapé inicial com a contratação de consultoria para desenhar o plano da S/A,mas não surgiram investidores em volume e quantidade suficientes para a execução. A pandemia atrapalhou. A imaturidade do mercado de futebol também. Muito trabalho,quase em vão.
Cena marcante foi a votação dos conselheiros pela aprovação da SAF,em General Severiano,onde a torcida fez um foguetório digno de título da Libertadores para comemorar a libertação do amadorismo. Nem sempre ciente dos atos dos cartolas que colocaram o clube no estado de insolvência,o torcedor via no campo o resultado prático dos complexos problemas que rondavam os interiores da sede amarela. Ano após ano,notícia atrás de notícia,jogo a jogo.
Textor teve o mérito de montar uma estrutura profissional para o futebol alvinegro. As suas primeiras contratações,lembro bem,foram do analista de desempenho,do chefe de scout — que,aliás,foi tirado do Atlético-MG. Luís Castro foi uma obsessão do americano. Artur Jorge hoje se prova um novo acerto. Os reforços viriam a partir dessa renovação do departamento de futebol,e não na ordem contrária. Obviamente,houve erros. Mas se acertou muito mais.
Dinheiro,claro,ajuda. Sem os aportes do novo dono,a SAF não teria dado conta. Mérito também de quem negociou a venda do clube-empresa para o estrangeiro,processo de negociação duríssimo,de muito puxa e estica,que por várias vezes pareceu estar próximo de estourar a corda. É verdade que no aspecto financeiro ainda há que se buscar sustentabilidade,mas o futuro fica para outra hora. Agora é hora de se aliviar do passado e consagrar o presente.
Acredite se quiser,o tempo que se passou entre a iminente insolvência e a glória da conquista continental foi relativamente curto,ainda que doído para o torcedor e para quem trabalhou pela salvação. Nenhum clube conseguiu passar de situação tão grave quanto era a alvinegra,em 2020,para um time tão competitivo quanto o atual — não só em 2024,já no ano passado. Hoje se pode voltar a dizer com orgulho: há coisas que só acontecem mesmo ao Botafogo.
© Hotspots da moda portuguesa política de Privacidade Contate-nos